18.9.17

Father-OlichelAdamovich.jpg

Foto: Father – Olichel Adamovich

 

Agosto é por excelência o mês da saudade. Muitos chegam e muitos partem. Se calhar partem alguns que não chegaram, aproveitando a boa ventura partilhada por familiares próximos. Agosto é também, por excelência, o mês das férias e o mês em que sou “obrigado” a gozar os dias em lei consagrados. Fazem-se planos, junta-se a família e espera-se pelo melhor. Sim, porque as férias de cada ano têm de ser melhores que as anteriores. As deste ano serão vividas e as outras, por muito boas que terão sido, são memórias.

E de memórias muitas vezes se fazem as férias. A expetativa do que virá está com certeza toldada pelas memórias de experiências passadas.

 

Este ano encontrei-me na contingência de umas férias desfasadas do calendário da minha esposa. Quinze dias, só eu os miúdos portanto. Um miúdo e meio na verdade. O mais velho já tem a namorada, os festivais, a praia, o carro e sei lá mais o quê para preencher os seus dias de agosto. Por acordo dispenso-lhe assim a liberdade para empreender as suas “cenas” e passar apenas uma semana com o “cota”.

Nos primeiros sete dias, eu e o mais pequeno, resolvemos facilmente a equação. Praia, serra, mar, rio, piscina, aldeia e cidade. Os avós, as galinhas, os porquinhos-da-índia, os patos, a cadela. Deitar tarde, acordar tarde, os calções de banho, o protetor solar, os chinelos, a coluna de som, a música, as fotos, o calor insuportável e os dias de chuva que estragam tudo. Tudo acabado, tudo enrolado em (boas) memórias.

Nos seguintes sete dias (já agraciados com a presença do mais velho) decidi viajar. Mais para trás. Muito para trás e para o centro, na verdade.

Reservei quarto num hotel construído em 1859, localizado no Luso, mesmo na entrada da Mata do Bussaco. Locais cheios de história portanto. História comum e nacional até. Zona de história também, mas de história familiar. O meu avô nasceu por aqui perto. Avô que o mais velho conheceu mas que o mais novo não teve a mesma sorte. Herdou-lhe o nome, contudo. Justa homenagem ao meu maravilhoso avô. Confesso o meu receio por esta decisão de revisitar o antigo. Claro que os miúdos preferem as coisas novas. O high-tech. Os hotéis xpto vestidos de vidro, aço e madeiras. As grandes piscinas e salas de refeições. Aqui, nada disso. Pelo menos o acesso wifi não era mau...

 

Afinal correu bem. Resmungaram por fazer a mata a pé, mas gostaram. Torceram o nariz quando viram o hotel, mas gostaram. Mostraram-se se calhar surpresos quando lhes anunciei o meu plano para o último dia: em ar de passeio seguiríamos para a aldeia onde o bisavô nasceu. A mim já sabia o que me esperava no coração, na garganta, na face e nas memórias. Da parte dos miúdos não fazia ideia...

O que aconteceu quando entrámos naquela rua estreitinha que dá para o cemitério onde os bisavôs deles estão sepultados, guardo para nós. Mas posso dizer que existem viagens que não têm preço. São viagens que nos levam mesmo ao centro...

 

Rui Duarte

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 07:30  Comentar

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