Foto: Chest - Alexandra
Diz-se que hoje em dia se vende de tudo.
Será que se vende esperança? De preferência em caixinhas, para ser mais fácil utilizar conforme vai sendo necessário.
Quer dizer… Necessário parece ser sempre!
Em caixinhas de tamanhos personalizados conforme os assuntos a que cada dose deve dizer respeito.
Eu cá já não tenho caixinhas, quase. O que vou tendo é réstias de esperança que em tempos transbordaram das imensas caixas, caixinhas e caixotes que tinha. Agora utilizo essa esperança espalhada e reaproveito-a para as mais caricatas situações, de onde eu nunca pensei precisar ter esperança.
Se calhar o mal foi esse: depositei tanta esperança em tanta coisa que fiquei quase a zeros.
Mas, mesmo no final da minha capacidade de esperança, acredito, de alguma forma acredito em tudo o que é bom e simples, descomplicado.
Por vezes complico na tentativa de descomplicar.
Muitas vezes crio algo complexo, para tornar tudo mais simples.
Infelizmente também digo e faço coisas menos boas, para chegar a um fim melhor para mais pessoas.
Afinal, se calhar preciso deixar de ter esperança para voltar a tê-la no que realmente importa.
Sónia Abrantes