Foto: Wanderer - Hermann Traub
Não se pode dizer que se trata de uma questão de ambiguidade. O facto de ter tantas possibilidades de significados diferentes, até opostos, dá-lhe riqueza e cada contexto torna a aceção clara, bem definida.
Pode, comecemos então, ser pedra. Alguém tem que o fazer, é duro, mas necessário e produtivo, ainda que nem sempre com resultados imediatos, até porque tal se faz, frequentemente, no início dos processos.
Pode ser um espelho, para desgraça de quem seja supersticioso. É que estar convencido de 7, esse mágico número, anos de azar é meio caminho andado.
Partir a louça toda é que não passa despercebido a nada nem a ninguém, só talvez à louça, para sorte dela, que tem aqui o papel de figura de estilo.
Há de ser triste, dramático, trágico e deixar saudades. Depende da possibilidade de voltar, regressando numa questão de tempo, ou não. Ser para sempre.
Vamos aproximar-nos do que queremos, ainda que para efeitos diversos e para sustentar a base de um argumentário. É sempre bom estabelecer qual a base de partida, determinar princípios.
Partir. Como mencionado, pode dar azar, fazer chinfrim, ser triste, originar saudade. Ser um fim.
Vamos, no entanto, tomar partir como uma partida, um começo. Algumas vezes o começo não parte de uma decisão, já o recomeço, partir para outra, mudar, carece de uma decisão, de uma iniciativa própria. Por força das circunstâncias, por força de vontade.
Porque queremos, porque precisamos, porque desejamos. O mais certo é que seja preciso estar disposto a suportar o desconforto, a dor, torná-la nossa amiga, sabendo que o processo que a produz nos vai trazer novos horizontes, novas conquistas. Atingir outro plano, outros e melhores, mais ambiciosos resultados. Partir para atingir. E depois, quiçá, partir de novo. Acompanhado, de preferência.
Vamos? Eu vou.
Jorge Saraiva