Foto: Coffer - Anna
Ela vai e vem, percorrendo a nossa vida; é assim o movimento da saudade. Por ela somos levados ao passado, a um momento temporal determinado, que nos permite recordar o que de bom se viveu, ou do quanto se perdeu.
A saudade manifesta-se e sente-se no presente quando a memória a chama a si para fazer reviver o passado. É natural o despertar deste sentimento que nos revela, não raras vezes, uma reconfortante e suave melancolia dos gratos e felizes momentos vividos. Ela, que não deve ser obsessiva, é recorrente, na medida em que se repete, vai e volta, regressando sempre ao “baú” das nossas memórias.
Ela, a saudade, acaba por ser, principalmente, em finais de vida, a companheira mais fiel dos que não têm companhia e por isso, se refugiam num silêncio cúmplice. É nessa relação de cumplicidade, nesse estado de alma, em paz interior, que melhor se convive com a saudade. E é esta que nos ajuda a recordar o que de bom se viveu. Ora, como o diz o povo: “recordar é viver”, a que se pode acrescentar, quando há uma doce e inesquecível saudade, que, recordando momentos inesquecíveis, vive-se duas vezes.
José Azevedo