Foto: It’s Just Love – William Morris
Ela sabe bem o que é a marginalização: é sermos empurrados para as franjas da sociedade porque, de algum modo somos diferentes da maioria. O normal e o anormal perdem-se ao sabor dos números; os muitos são normais, os poucos são estranhos e, portanto perigosos. A marginalização, infelizmente, vem do medo irracional, da falta de respeito e sobretudo, do receio de ser “contagiado”. E depois, se formos? É o fim do Universo? Ou só um Novo Mundo a despontar?
Ela já foi posta de lado por ser mulher, por ser branca num mundo onde essa cor escasseia, por ser bonita (só pode ser burra?), por não querer um emprego tradicional, por ter optado por não ter filhos, por gastar tudo o que ganhou em viagens, por escrever textos que ninguém publica, por pintar quadros que não vendem; e, agora, horror dos horrores, porque partilha a sua vida com outra mulher. E também, por se assumir como é.
Atualmente, a marginalização está pior do que nunca: existe como sempre existiu, está forte e viva e bem de saúde, enriquecida por ataques muçulmanos, imigrantes ilegais a fugir da morte, e assassinatos, mais ou menos impossíveis de perceber, por todo o mundo. É o alibi perfeito para a desconfiança e a agressividade, e os ignorantes agradecem.
Está apenas mais dissimulado nos países ditos desenvolvidos, onde atualmente fica mal falar mal das minorias, mas já não fica mal continuar a retratá-las e a tratá-las como lixo. Posso garantir que as vítimas sabem e sentem na pele essa falta de respeito, essa vontade de aniquilar ou de rebaixar à norma. Eu aliás sei bem que é isso o que se pretende.
Mas há algo de novo e muito belo a surgir no Horizonte: a malta que ama as margens, que só respira bem nas orlas, que em vez de querer estacionar no meio de um rio que desagua em parte alguma, prefere deambular a seu gosto, ao sabor dos seus amores dos seus impulsos, das convicções da sua alma, fiel ao seu ser e à sua essência.
É aí, nessas esquinas escusas longe dos pressupostos, nesses espaços abertos das pessoas que se amam e amam o mundo, mesmo imperfeito, que surge e cresce a genialidade e a criatividade. Beethoven não era “normal”. Nem a Susan Sontag. Nem o Pollock, por amor de Deus. E Mozart… podemos todos rir em conjunto. E Jesus, se aí quiserem ir ter.
Um brinde aos marginalizados, portanto, porque deles vai ser… é… qualquer Reino que jeito tenha.
Eu, cá por mim, tenho muito orgulho e muito Amor por todos os que seguem o seu caminho nas margens verdes dos rios da sua imaginação e da sua força de espírito. Porque sem eles, nada evoluimos.
Eu só quero e só posso ser assim. E Deus, ou Ganesh, ou seja quem for, me guie para que nunca desista de ser Eu.
Laura Palmer