Foto: Hug - Anemone 123
Numa era em que somos mais do que parecemos, temos tempo e vontade para pensar nos outros. Até a mais egoísta das pessoas dá por si a ajudar, mesmo não estando à espera, mesmo não sendo esse o seu modo de vida.
Num tempo em que todos temos muito, em que o luxo se confunde com banalidade, e em que, mais do que esses todos, há os que não têm nada, escondidos pela poeira da hipocrisia dos mais fortes, daqueles que decidem o que deve ser ou não ser sabido, a ajuda confunde-se com oportunismo.
Sim, de que vale dizer que fazemos se, na prática, não abdicamos do nosso conforto em prol de quem precisa?
De que serve dar, fazer angariação de fundos e eventos sociais relevantes, se não vamos ter com quem precisa e lhes damos um abraço, rimos com eles, choramos ao lado deles?
Se realmente a solidariedade acontecesse genuinamente, não iriamos para o café ou para uma grande plateia falar dela. Não abriríamos a carteira, simplesmente, e daríamos as notas que reservamos para a solidariedade. Essa é a parte fácil.
Dar o nosso coração numa relação de comunicação direta tem mais impacto a longo prazo do que o dinheiro. Esse, só por si, nada faz. Precisa dos solidários para se tornar ajuda.
Solidariedade é dar-se, amar-se a si e aos outros, apenas para gerar felicidade.
Sónia Abrantes