Foto: Anatomy - Gerd Altmann
Nas relações humanas, sejam profissionais ou pessoais, tanto como em Física, somos confrontados com o conceito de transparência.
Em Física, é apenas uma categoria que está em paralelo com opaco e translúcido. Opaco quando não deixa passar qualquer luz. Translúcido quando deixa passar a luz mas não a imagem tal como ela é na realidade. Transparente quando, do outro lado do obstáculo, vemos a imagem tal como ela é, não sendo apenas uma visualização da luz que tem.
Nas relações humanas podia ser tão simples como na Física, considerando que a luz seria a essência do ser que vemos. Será que é? Claro que não… As pessoas são diferentes de dia para dia, consoante as experiências de vida que vão tendo. Mesmo sabendo que a essência não deveria mudar, o nosso estado espírito não é totalmente controlado como e quando queremos. Seremos, então, opacos, pois não deixamos ver nada de nós mesmos? Não, também não é isso, pois seria impossível acontecerem relações humanas, qualquer que fosse o tipo.
Ser translúcido é, assim, a nossa essência. Deixamos passar a nossa luz mas a totalidade da imagem fica para quem aprofunda mais o conhecimento sobre nós. Tal postura perante a vida não é enganadora para quem nos conhece. É apenas impossível o Outro conhecer tudo do meu Eu. Por vezes nem eu mesmo conheço…
Quando ouvimos ou lemos “Total transparência no negócio”, deveremos então desconfiar.
Se ouvirmos “Um dos valores que defendemos é a transparência”, poderemos arriscar confiar pois o que afirmam é que apenas tentam ser transparentes e dão valor a quem também tenta ser transparente.
Opto por uma visão mais realista, considerando que somos translúcidos, mesmo tentando ser transparentes.
Sónia Abrantes