Foto: Give And Take – Gerd Altmann
Gosto de dar, mas também gosto de receber, isso não posso esconder. Aliás, parece ser comum a toda a gente: dar e receber. Uma coisa implica a outra, convenhamos. Exemplo mais paradigmático ocorre na partilha de afetos, em que se dá o melhor para receber elogios, dá-se o que se tem para receber reconhecimento, dá-se carinho para receber afeição e amor para receber amor. A própria amizade é um contínuo dar e receber para uma realização plena. A máxima da vida será sempre no sentido de dar e receber, o que não raras vezes encerra algo de negativo e egoístico nessa relação de troca, principalmente, quando nela predomina uma ideia calculista. O ato nobre, sublime e generoso, consistirá em dar sem esperar receber o que quer que seja em troca. Deve, pois ser, incondicional, o que, por paradoxal que pareça, nunca fecha as portas para se receber sem ser necessário retribuir. Mesmo aqueles que se destacam pela sua enorme generosidade, poucos infelizmente, nesta fria e calculista sociedade em que atualmente vivemos, que tudo dão de si na vida, para realização de um ideal altruísta e humanitário, recebem sempre algo no seu espaço interior, no íntimo do seu ser, sentem a graça e a satisfação de verem os seus semelhantes felizes. Enfim, na vida, como se vê, há sempre um dar e receber, uma relação de troca, em que cada um de nós, sem esperar nada em troca, deve sentir sempre a obrigação de dar o melhor que possui dentro de si.
José Azevedo