Por mais voltas que a vida dê, há sempre algo que nos persegue.
Achamos que já resolvemos, achamos que já está para trás das costas, e no final, quando menos esperamos, aparece-nos num sonho como que a dizer que não esquecemos o que queremos, que há coisas que estão sempre presentes, por mais que quando em consciência, afirmemos peremptoriamente que está tudo resolvido…
E constatamos que não está. E que provavelmente nunca vai estar.
Quando acordados dizemos para nós mesmos que está, talvez porque só assim conseguiremos andar para a frente.
Mas nos sonhos ninguém nos diz o que não queremos, ninguém nos põe limitações. Nos sonhos as dores vêm ao de cima, as saudades, os desejos mais pequeninos e mais escondidos.
Tudo o que esquecemos grita por socorro em sonhos.
Entendemos assim o que nos falta, o que queremos, o que não queremos, os medos, as saudades, as culpas…
E tudo é real… a dor, os beijos, as festas, as cores, lugares e situações. Faz-nos perceber que não somos tão fortes como imaginávamos, que há coisas que mesmo distantes ainda doem muito, que há pessoas que nos fazem demasiada falta, que a vida que sonhamos não é nem de longe nem de perto a que levamos.
No meio disto uma certeza apenas… que bom ou mau, um sonho acaba sempre.
Será que o despertar dá aos sonhos uma fama que eles não merecem???
Filipa