4.12.08


 


Apesar do tema ser idêntico ao do Bowlby, não é meu intuito vir aqui discorrer sobre psicanálise, nem tão pouco abordar o luto e a perda permanentes, derivados da morte de um ente querido, pelo menos não neste momento.


 


O luto e a perda que me traz aqui hoje, refere-se ao provocado pelas pessoas que em determinado momento se atravessam na nossa vida e que depois, por um ou outro motivo, tão depressa como entraram na nossa vida, saem. É indubitável que esta passagem e este contacto nos enriquece, nos traz alegrias, por vezes tristezas partilhadas e memórias de tempo "gasto" a conhecermo-nos. No entanto, quando termina, não conseguimos deixar de nos sentir egoístas. Egoístas, no sentido de ficarmos tristes por deixarmos de estar com essas pessoas, apesar de, racionalmente, sabermos que a nossa perda ocorre, não por nossa causa, mas por motivos de força maior que, em muitos casos, resulta em situações melhores e mais satisfatórias para as pessoas que "perdemos".


 


É por causa desse misto de emoções que muitas vezes desejamos boa sorte e as maiores felicidades, quando, na realidade, pensamos "não vás, fica aqui comigo", apesar de sabermos que não é o melhor para a pessoa que agora parte. E lá ficamos nós entregues a nós próprios, obrigados a fazer um luto sem querermos, a uma perda que não sendo definitiva, não deixa de nos magoar e de nos deixar tristes.


 


Acresce a este sofrimento um outro, provocado pela sociedade de consumo imediato, que não nos dá tempo para fazermos o luto ao nosso ritmo e que quase nos obriga a "esquecer" e substituir esta amizade, com a mesma rapidez e simplicidade com que se estrela um ovo.


 


Pode ser de mim, mas questiono-me se esta rapidez toda e esta rotatividade forçada de amizades, será saudável. Não deveriamos ter mais tempo para fazermos o nosso luto tranquilamente e sem pressões...?


 


Alexandre Teixeira


 

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29.10.08


 

Debato-me com uma questão:

Quantos de nós já pensaram em suicidar-se?

Quantos escondem esse pensamento, essa vontade?

Por não saberem de onde provém esse pensamento, ou com vergonha de admitir que no mais íntimo dos seus pensamentos passa uma vontade de terminar com a própria vida.

 

Chegamos a pensar que é ofensivo questionar alguém, se pensa, ou se já alguma vez pensou, em suicidar-se e, por isso, nem nos atrevemos a perguntar, ou a pronunciar a palavra suicídio em voz alta, como se de uma doença contagiosa se tratasse.

Continuo a questionar-me quantos de nós, na verdade, já pensaram em pôr termo à sua existência, seja por pura infelicidade, ou por uma momentânea incapacidade de gerir uma dor interminável e esmagadora, uma dor que por si só tira a capacidade diária de respirar e de viver.

Parece que os que admitem esses pensamentos são “dementes”. Como se esses pensamentos nunca surgissem a que vive "normalmente" e muito menos a mim!!!

Eu!? Eu que vivo apaixonada pela vida? Eu que adoro viver? Eu que só por sentir o vento me sinto feliz?

Sim, eu!

 

Houve um momento na minha vida, em que pensei que o suicídio seria a solução do meu problema.

Um momento em que perdi a vida ao ver morrer uma das minhas almas gémeas. Perdi o seu calor, o seu conforto e a mão forte que me guiava.

Com milhares de pessoas à minha volta, senti-me só...

Os pensamentos vagueavam presos a um passado que jamais voltaria a ser presente... por muitos adjectivos que utilizasse, nunca conseguiria descrever, escrevendo, sentimentos devastadores e demasiado insuportáveis.

Perdi o ventre que me deu vida, os braços que asseguraram a minha sobrevivência, o sorriso que me fazia feliz...

O sentido da minha vida dissipou-se e com ele a vontade de viver.

Pensei e desejei morrer!

Morrer nos meus próprios braços!

Sim! O suicídio é um pensamento que já me ocorreu!

Mas houve alguém que se atreveu a perguntar!

Houve alguém que ousou “ofender-me”, salvando-me dos meus próprios pensamentos!

 

Quantos de nós pensam no suicídio?

Não existindo uma “ofensa” capaz de questionar a existência de outro caminho e de salvar?

E nem sempre é apenas um pensamento que ocorre num determinado momento da vida, em que confundimos a dor com a falta de vontade de viver.

 

O perigo estará apenas num pensamento, na vontade de morrer, ou estará também na falta de uma pergunta, feita com preocupação e com a capacidade de salvar?

 

Susana Cabral

 

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