21.8.09


 

Darwin, já no Século XIX, debruçou-se sobre o estudo das emoções, tanto no Homem como nos animais, tendo chegado à conclusão que as emoções, ou a expressão das mesmas, era algo inato a ambos. Para além de reforçar a ideia que já tinha de uma origem comum, levantou a questão da utilidade da expressão das emoções para a sobrevivência dos indivíduos. Darwin identificou seis emoções inatas ou universais - alegria, tristeza, surpresa, cólera, desgosto e medo, que serviriam como uma ferramenta para ajudar o indivíduo e a sua comunidade a sobreviverem (através da observação dos sinais emitidos pela expressão das emoções).

 

Damásio, mais recentemente, volta à questão da utilidade das emoções. Começa por fazer a destrinça entre emoção e sentimento, sendo a primeira a reacção a uma determinada situação indutora e que seria perceptível por um observador externo, e o sentimento sendo a tomada de consciência da emoção pelo próprio indivíduo e que seria apenas perceptível para si.

Apesar de Damásio concordar com Darwin na utilidade das emoções para a sobrevivência, coloca a ênfase na capacidade da emoção de fazer “disparar” reacções rápidas a determinadas situações, potenciando a probabilidade de sobrevivência.

Ao contrário do que foi a corrente dominante durante décadas, que defendia que uma tomada de decisões correcta dependia exclusivamente da razão, Damásio vem defender que a tomada de decisões não pode ser feita sem a participação activa da emoção, sendo esta um complemento imprescindível, tal como a razão, na tomada de decisões.

 

Hoje em dia ouve-se, amiúde, falar da Inteligência Emocional como se da redescoberta da roda se tratasse; no entanto a inteligência emocional, mais não é do que a tomada de consciência (recordamos que é esta tomada de consciência que Damásio denomina de Sentimento) das nossas emoções e consequente a resposta com base nesta auto-consciência.

O verdadeiro desafio da inteligência emocional centra-se na mudança de paradigma, no sentido de ensinar e treinar as pessoas nas tomadas de decisão com base nas suas emoções, sem medo de que essas decisões não sejam tão boas por não serem muito “racionais”.

 

Alexandre Teixeira

 
Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 16:47  Ver comentários (13) Comentar

13.7.09


 


“O medo é um sentimento que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Obtido a partir do contacto com algum estímulo físico ou mental, dispara uma resposta fisiológica no organismo, preparando o indivíduo para lutar ou fugir. Pode provocar atenção exagerada a tudo que ocorre ao redor, depressão, pânico, etc.” (retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Medo).

 

O medo aprisiona, o medo sufoca, o medo paralisa… Viver com medo é não viver de todo… É sentir-se aprisionada e impotente perante a própria vida… É mostrar-nos o quão pequenino nós somos… É fazer-nos desistir de todos os nossos sonhos e objectivos por falta de força e esperança no futuro… No fundo, o medo vai retirando a vida aos poucos… dia a dia, enfraquecendo a chama da vida, embaciando o brilho no olhar, extraindo qualquer segurança em si próprio.

 

Mas… porquê ter medo? Porque surge o medo exacerbado da vida? Todos os pequenos indícios de que o medo possa surgir criam apreensão, inquietação, e daí ao medo, são segundos… como se o medo se alimentasse do próprio medo!!!

 

São vários os factores que levam aos medos ditos “irracionais”. Tendo a ver com factores psicológicos – falta de serotonina? – com factores educacionais e sociais… Crescemos numa redoma e claro, o mundo está cheio de perigos! Se não crescemos numa redoma, então são acontecimentos traumáticos que nos trazem por acréscimo esta “prenda” que é o medo…

 

Mas o melhor de tudo e que vos quero passar: é que é possível viver-se com o medo… não é fácil… é uma luta constante pela vida… mas é possível!

 

Ana Lua

 
Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 23:23  Ver comentários (6) Comentar

7.7.09


 


Os afectos nascem de experiências de relacionamento com pessoas, na sua maioria, mas também com animais, lugares ou mesmo com algo menos corpóreo, idealizado. Estes relacionamentos trabalhados no sentido de os reforçar criam elos de ligação, aproximam-nos e deixamos que se aproximem de nós. Deixamo-nos afectar.

 

As emoções são reacções a factos ou acontecimentos, presentes ou futuros. São estados que nos alteram por curtíssimos períodos de tempo. Não nos mantemos permanentemente num estado de espanto ou medo, de alegria ou ódio.

As emoções lêem-se nas alterações fisiológicas. Os músculos faciais, a expressão do olhar, os movimentos corporais, traduzem emoções de fácil leitura para todos nós. Percebemos o desprezo, o espanto, o medo, a alegria, o tédio, com tanta facilidade que rapidamente nos condicionamos. Influenciam e determinam formas de relacionamentos que, desejavelmente serão bons relacionamentos, mas poderão ter na origem emoções negativas tais como: o ódio, a inveja, o despeito, entre outros.

 

Os sentimentos não são consequências imediatas de experiências vividas ou de reacções a acontecimentos, eles estão em nós, andam connosco, deitam-se e levantam-se connosco. Estão e são o nosso íntimo, caracterizam-nos.

 

Por defesa, julgamentos, vergonha, ou outras razões que, por pouco que se percebam, condicionam o comportamento do ser humano. Trava-se o ímpeto de viver experiências, relacionamentos ou sentimentos, ficando a essência humana escondida e a salvo, numa capa de aparente indiferença.

Os homens não choravam em público porque o senso comum ditava que, homem que é homem não chora. Assumimos os nossos sentimentos mas ressalvamos que não somos lamechas, como se ficássemos diminuídos por declararmos os sentimentos.

 

Contava-nos há dias a escritora Alice Vieira que a neta lhe explicou que, LOL significa rir. Rir mesmo, dá muito trabalho, então inventou-se uma onomatopeia e um smile que simbolize o riso.

O choro também tem representação, o deleite e todas as outras emoções também têm a sua expressão simbolizada.

Não precisamos portanto, de ter trabalho a vivê-las, basta que alguma coisa as represente.

Presumo que o rir muito sejam muitos lol, qualquer coisa como: lolololololololololololol, e que a gargalhada seja: LOLOLOLOLOLOLOLOL.

 

Mas porque à nossa natureza não devemos fugir e devemos dar-lhe a importância que ela tem - e é muita, os inventores inventaram mais: estenderam os sinais representativos de emoções às máquinas.

Nas últimas décadas os EUA têm trabalhado na robótica para conseguir dotar os robots de expressões, que se assemelhem a expressões humanas. Recentemente o Japão anunciou ao mundo a criação do Kobian, robot que consegue simular sete estados de alma.

O deleite, a tristeza, a surpresa e o desgosto, são quatro dessas emoções que finge ter e o projecto do Kobian continua a desenvolver-se com o objectivo de ser integrado no campo da enfermagem, para interagir com os pacientes.

Se, por um lado, o ser humano parece caminhar para um mundo inexpressivo, “coisificado”, o mesmo ser humano desenvolve a tecnologia, tentando dotar máquinas de características que são, legados naturais do Homem.

Espero que esta caminhada se interrompa antes que uns, os primitivos sentimentais esbracejem a tentar sobreviver no meio dos outros, os desprovidos de sentimentos com que Aldous Huxley nos surpreendeu no “Admirável Mundo Novo”.

 

Cidália Carvalho

 
Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 09:03  Ver comentários (5) Comentar


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