Foto: Oldtimer und sexy frau – Gerhard Lipold
Começo por levantar-me respeitosamente e fazer uma ligeira curva com o tronco, baixando a cabeça, num sinal de reverência: vamos falar de dinheiro e o respeitinho é muito bonito.
Francamente, receio não ter suficiente perspetiva histórica para poder fazer comparações, dizendo, talvez, que atravessamos tempos em que o dinheiro ordena. Atravessamos?! As travessias, penso que hão de ter um princípio e um fim; aqui o princípio, poderemos localizá-lo aquando da conceção e criação do dinheiro ou o constante alastrar da sua utilização pelas diversas (todas?) civilizações, contribuindo até para a sua progressiva uniformização planetária. Mas, e o fim? Pois é, não se vislumbra... Quanto muito o dinheiro poderá tender para acabar enquanto matéria, no entanto com a sua progressiva desmaterialização, mais presente e mais importante e determinante se vai tornando para nós.
Quem é rico? O que é ser rico? Quem é importante? Com que meios se viaja para longe ou por períodos prolongados? De avião ou de barco, não é? E como é que se consegue espaço para as pernas ou cabine com escotilha e vistas para o exterior? Foi, pacientemente, respondendo dinheiro? Parabéns!
Voltando à questão da travessia, lembram-se? De facto, não, isto não me parece uma fase, o dinheiro está para durar (dizer que está também para lavar não deixa de ser uma tentação), alastra para todo o lado e é cada vez mais a medida de todas as coisas. Portanto não terá fim, teve o seu big-bang e depois não parou de se expandir.
Para terminar, que tempo é dinheiro, e respigando para aqui outro assunto também, digo eu, muito importante e presença perene nas nossas vidas: o dinheiro até empresta às pessoas aquilo a que os ingleses chamam de sex appeal (ou, olhando para a outra face da moeda, subtrai, quando escasso, ausente)!
Aqui ficaram os meus €0,05 sobre o assunto...
Jorge Saraiva