Foto: Nurse - 简体中文
Responsabilidade é um conceito demasiado amplo e por isso algo confuso. O mesmo prende-se com as mais variadas facetas da vida, abrangendo as mais diversas idades, contextos, estatutos, leis, etc.. É algo de universal, transversal ao passar dos dias. Contudo na maior parte das situações, o conceito em si, mescla-se noutros nomes e noutros conceitos aproximados.
Respeito pelas regras, pelos outros. Observância das leis. Direitos e deveres. Garantia de subsistência. Limites de liberdade. Apenas exemplos.
Todos estes e infinitos mais carecem e vivem de responsabilidade. Nalguns casos tangível, noutros nem por isso. Nalguns casos individual e noutros social, grupal ou comunitária.
A responsabilidade, assim, ampla, é incutida desde cedo. É comunicado às crianças o que delas é esperado. O comportamento adequado, o acerto pelas regras, as notas positivas, o trabalho de casa feito. Por vezes até se preza a criança que salta etapas: “é tão responsável que parece um adulto...”.
Mas antes disso vem a adolescência. A época mais ou menos conturbada do acerto da responsabilidade, ou a falta dela. Na verdade, não há grande problema. Nesta fase, quase que a responsabilidade é mesmo pela falta dela. É expetável e compreensível que assim seja.
O mesmo já não sucede na idade adulta. Algum desconto, contudo, na fase de transição! Ser-se “jovem adulto” às vezes é coisa que dá jeito. Principalmente se o individuo conseguir levar a coisa até aos 30 anos. Responsável sim, mas q.b., que a vida só se vive uma vez. Claro que aqui um efeito diferenciador do tu podes e eu não posso é, principalmente, a existência de prole. Nesse caso, meu amigo... as coisas são como são e é bom que responsabilidade não seja algo “opcional”.
Passada esta etapa transitória chega a cristalização. Integrados os modelos de responsabilidade, por exemplo laborais, familiares, sociais, etc., o individuo encontra-se no auge da responsabilização. As desculpas acabaram-se e qualquer ato transgressor e irresponsável é tido por deliberado e por vezes antecipado. O adulto pensou e fez porque assim quis. Evidentemente que, ato contínuo, a punição/consequência está igualmente no auge. E é assim que tem de ser.
Preparem-se os que de nós tiverem a felicidade de chegar a velhos. A fasquia volta a baixar e como que há um retorno aos saudosos tempos idos. A concorrência idade/responsabilidade faz-se pela seguinte fórmula: quanto mais velho maior o desconto. A inversão das coisas é deliciosa. Ou perniciosa? Ainda não decidi. “Ó avozinho, você está tão “taralhoco”! Não pode andar a apalpar as enfermeiras do lar! Parece que já nem se lembra que existem regras e que tem de ser responsável!”.
Não é que tenha pressa e quanto a vocês não sei. Mas se a essa responsabilidade etária chegar, aproveitarei a época dos descontos. Assim como assim, aos 80 anos já é final de coleção.
Rui Duarte