Foto: Silence – Alexandr Ivanov
O silêncio é, muitas vezes, o único argumento e um apontamento de liberdade; a liberdade do outro e a minha liberdade. Tenho momentos em que me apetece ouvir o silêncio: momentos em que preciso de estar sozinha; momentos em que visito os que me deixaram; momentos em que as palavras só iriam prejudicar o desenrolar do acontecimento. O silêncio vindo de mim são paragens de discurso e do pensamento centrado na minha vida e acontecem, ou deveriam acontecer, em diversas situações quotidianas, quer profissionais, quer pessoais. O silêncio na interação com os outros e na ajuda ao outro é uma ferramenta poderosa; ajuda a ajudar. É um sinal de respeito pelo outro que necessita de ser ouvido e que descodifica as suas dificuldades. Para isso, eu preciso de ter momentos de abertura e de colocar nesta interação o meu silêncio. Ouvir, ouvir e escutar implica o meu silêncio. Estas paragens nem sempre acontecem com facilidade, justamente nas pessoas que são treinadas para falar, para emitir opinião e para apontar soluções.
A formação ensinou-me estes princípios, mas a experiência de vida ajudou-me a sedimentar esta ideia. Temos diversos tipos de conhecimento; o conhecimento formal, que me indica que o silêncio é uma componente da comunicação necessária; o conhecimento pessoal vindo da minha experiência que me ajuda a desenvolver este pressuposto; e o conhecimento ético que me informa que tenho um dever: o dever de ouvir/escutar as pessoas e de as ajudar. O silêncio ajustado e trabalhado a cada situação nem sempre pode ser substituído por qualquer outro elemento da comunicação… porque, por vezes, só o silêncio ajuda!
Ermelinda Macedo