Quando iniciei a leitura da obra “Natureza e espírito – uma unidade necessária”, de Gregory Bateson, já há alguns anos, tudo me parecia estranho, no sentido em que não percebi logo para que me interessavam as anémonas-do-mar, as florestas, as estrelas-do-mar, a física, a cibernética e a matemática, para um fenómeno que me propunha estudar mais profundamente: a educação para a saúde.
De um momento para o outro vi-me a fazer abduções, no conceito mais puro de Bateson, que me trouxeram alguma lucidez. Percebi que Bateson é extraordinário na forma como liga (abstratamente e concretamente) todos os seres vivos entre si a partir de um ser vivo concreto. O padrão que liga permite ter uma visão estética das coisas e do mundo, enfrentando-os com reconhecimento e empatia, encarando-os numa perspetiva ampla e sistematicamente relacional. Para Bateson, o comportamento humano é analisado sob o ponto de vista sistémico e relacional, atendendo à perspetiva de causalidade circular, usando o mecanismo desta para perceber o comportamento e as relações do homem com o mundo e no mundo. Bateson entende a “coisa viva” em interação contínua com o mundo. A coisa viva não é resistente à mudança: ou corrige a mudança, ou se modifica para ir de encontro à mudança, ou incorpora a mudança em si própria.
Pedindo ajuda a Bateson, diria que o UM liga-se ao OUTRO e este ao OUTRO… e este ao MUNDO através do padrão que liga, sempre numa perspetiva ampla e sistematicamente relacional, tornando-se preciso relacionar as coisas num MUNDO onde o UM apenas faz parte dele e, chamar a esta relação uma visão estética é verdadeiramente necessário. Parece ser neste contexto que o conhecimento, a educação e a aprendizagem (todo o tipo de aprendizagem) acontecem. Eu concordo com Bateson! (pensando que percebi o pensamento de Bateson até onde a minha mente (espírito?) me permitiu).
Ermelinda Macedo