Foto: Girl – Adina Voicu
Quando me sinto impotente perante o sofrimento dos outros pareço pequenina. Penso, dou voltas à cabeça, peço ajuda e o sentimento de pequenez continua presente.
É-nos dito, frequentemente, que o sofrimento nos modifica, nos faz ver as coisas que nos acontecem posteriormente com a relatividade que elas merecem. Que me faz sentir impotente, faz; se me proporciona alterações internas, talvez, para o bem e para o mal; se me ajuda a ver as coisas com a relatividade que elas merecem, não sei… talvez só com algumas pessoas.
O sofrimento, no sentido lato do termo, aprisiona-me, seja ele dirigido a mim, como pessoa, seja ele dirigido aos outros e, particularmente, aos que me são mais próximos. Talvez eu já tenha passado por situações em que o sofrimento me revoltou, me fez crescer, me fez ver as coisas com mais relatividade; não sei. Sei que me lembro profundamente de todas as situações que me provocaram sofrimento e não gosto das recordações. As recordações trazem-me sentimento de angústia. Prefiro não lembrar. Mas para algumas situações a lembrança é inevitável. Ver sofrer aquela pessoa que me é muito próxima, cujo amor que se sente é único e diferente de todos os amores que sinto por outras pessoas e, quando não posso fazer nada, porque não está nas minhas mãos ajudar a alivia-lo, é um pesadelo!
Eu arrisco dizer que é assim com todos nós.
Ermelinda Macedo