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Foto: Meninas Africano – Maisner Mark

 

Ousado a refletir em torno do termo marginalização, remete-me forçosamente a uma tentativa de enquadramento do mesmo e perceção da sua morfologia. Fora possíveis equívocos, lamento aceitar que este fenómeno de natureza social é consequência, dentre outros fatores, da pobreza.

A dimensão social e cultural da marginalização remete o indivíduo a viver alienado do resto da sociedade, vedado do acesso a saúde, alimentação, morada e educação, situação esta resultante da insuficiência orçamental para cobrir os custos de acesso a estas oportunidades e em alguns cenários mais graves que se configuram em privilégio.

Segundo relatório da UNICEF, A Pobreza na Infância em Moçambique, a pobreza na infância considera a pobreza específica vivida por seres humanos em qualquer sociedade durante a sua infância. As crianças são mais prejudicadas pela pobreza do que os adultos, na medida em que nestas, para além dos efeitos imediatos, tem efeitos tardios recalcados para a vida adulta.

As ações de luta ou combate à pobreza exigem esforços multifacetados envolvendo diferentes atores, desde o Governo, as próprias crianças, as famílias e as comunidades, as organizações da sociedade civil, o Parlamento e os Parceiros Internacionais de Desenvolvimento.

Um aspeto peculiar demográfico no contexto do desenvolvimento é a densidade populacional que no caso de Moçambique é bastante baixa, tornando difícil a prestação eficiente de serviços básicos e programas de apoio em áreas rurais, realçando muitas das disparidades urbano-rurais. Outra caraterística colateral da pobreza em sociedades subdesenvolvidas é a desigualidade social, onde, com frequência, os pobres vivem ao lado dos não-pobres.

Muitas famílias vivem o drama da pobreza dia-a-dia, onde crianças andam à deriva atrás da sua sorte já que as suas necessidades não são amparadas dentro de suas famílias.

Estas aprendem, muito cedo, a seguir um percurso sinuoso que não depreende onde irá desaguar, movidos pela impetuosa tenacidade descritiva dessas criaturas inocentes. O medo e a agitação enferma preocupa alguns encarregados quando notam a ausência dos seus educandos, ou passa despercebido e ainda por normalidade, quando estes não se dão ao tempo de acompanhar a progressão dos seus petizes.

Os seus sonhos nascem de forma genuina e espontânea na rua, onde passam a maior parte do tempo, observando o meio que os rodeia, podendo até serem considerados torpes quando forem alinhados com as perspetivas e planos das suas famílias de origem.

Devido à exposição ao mundo, desde muito cedo, resulta um elevado contacto com a natureza e a realidade crua da vida, tornando-os voluntários precoces da escola da vida, esta que destapa completamente a face algo fantasiada da vida contada pela voz de alguns progenitores. Embora a versão da vida contada pelos próprios pais seja uma boa indução à vida futura, conteúdos mais realísticos e aliados à própria experiência da existência dos progenitores seja o maior testemunho que se pode transmitir.

Preocupações com o ambiente, com as artes e cultura e com a filosofia, encerram um percurso de resgate do humanismo, conseguido através da contínua evocação ao renascimento como condição para a descoberta e autosuperação, faculdades mentais que centralizam o homem rumo a sua independência, a auto-descoberta uma fonte de vida plena, uma via alternativa à almejada prosperidade espiritual e mental.

 

António Sendi

 

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