23.4.14

 

A infância pode ser como um jardim.

Com canteiros, arbustos, sebes, flores, caminhos de saibro, que deixam marcas e cicatrizes nos joelhos e nos cotovelos, relvados macios onde se pode rebolar e dar cambalhotas.

O jardim pode ter labirintos onde se entra e se parte à descoberta de novos caminhos, novas sensações, onde a criança se pode encantar, mas também se pode perder, ter medo do desconhecido, entrar em pânico, em estado de quase nem conseguir pedir ajuda.

 

Jardim-de-infância. Agora quase todas as crianças os frequentam e todas vão para o primeiro ciclo da escola. É a infância enquadrada, a aprender e a socializar. Os infantes aprendem as cores, as letras, a andar em fila, a ter horários, observando e experimentando a vida com um certo resguardo. As crianças têm direito a isso.

 

Talvez estejamos a falhar, retiro o talvez, quando nos ficamos, nos fixamos, apenas nos direitos, em dar e proteger os direitos das crianças. E o resto?

 

Especialmente em termos familiares, os infantes reinam sobre um império de direitos, protegidos de tudo, os seus desejos a serem considerados como ordens imperativas. O risco do arranhão no espinho da roseira ou no saibro do jardim quase que reduzido a zero, a nada. Anulando a experiência, a dor, o fracasso, a queda, a ferida.

 

Tudo lhes é devido? Penso que sim, incluindo a preparação para lidar com o “não”, a desilusão, a frustração, as dificuldades e as insuficiências. É melhor proporcionar também estas experiências, dando amparo, preparando para a vida real, como vai ser “lá fora” ou criar um império tão aparente que lhes parece real, mas que se vai estilhaçar em mil pedaços quando a idade adulta chegar?

 

A infância e o seu jardim de brincadeiras, jogos, sustos, lutas, quedas; memórias inquebráveis para a vida.

A infância é a vida a florescer.

 

Jorge Saraiva

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 06:00  Comentar

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