Foto: Hands – Simon Wijers
Sim, num minuto tudo acontece e desaparece. É apenas preciso esse momento para que haja surpresas, desilusões, as maiores alegrias e as maiores tristezas.
Num minuto deito-me e adormeço, pois o cansaço de muitos minutos vividos intensamente é grande.
Num minuto acordo, pois o pesadelo trouxe consigo um susto imaginário mas quase palpável de tão real.
Num mesmo instante decidimos fazer algo bom e recebemos uma notícia que nos derruba.
Derruba não! Pois no minuto seguinte explodimos e deitamos tudo cá para fora e o pesadelo diminui, pois já conseguimos começar a racionalizar.
Quem disse que as coisas são fáceis, enganou alguém. Quem ouviu que poderia conseguir o mundo pois está nas nossas mãos, não ouviu tudo... Será que ouviu falar dos pesadelos que aparecem e desaparecem num minuto mas que marcam todo o nosso ser? Sim, é assim que crescemos. Mas às vezes preferia ficar criança para sempre.
Num minuto vemos uma criança rir, noutro minuto deixamos de a ouvir e verificamos que está mal, muito mal. Esse pesadelo de um minuto fica a assombrar-nos sempre, sempre...
Num minuto passeamos pelos bosques, com música alta, ou em silêncio apenas a ouvir os passarinhos. Noutro instante tudo desaparece e fica cinzento à nossa volta, incluindo nós próprios e a alma de quem gosta de nós.
Como terminar estes minutos de pesadelos e alegrias? Não se terminam, vivem-se.
Sónia Abrantes