Foto: Aggressive Devil – Petr Kratochvil
O que é a consciência? Que voz é esta que nos sussurra bem baixinho o que devemos ou não fazer? Devemos ouvi-la? Devemos agir segundo algo que não conhecemos ou que não sabemos explicar?
Consciência é a voz imaginária que habita o interior de cada um de nós. Explicá-la, com exatidão, é um desafio com que nos deparamos sempre que tentamos arranjar uma resposta lógica para este impulso que nos leva a agir de determinada forma.
Todos nós sabemos praticar boas ações… mas teremos sempre pensamentos bons? Pensamentos maus… quem os não teve em algum momento… mas tal não obriga a que estes sejam transcritos para más ações.
Podemos ver a consciência como uma avaliação moral que fazemos de algo, sem sequer nos darmos conta de que o estamos a fazer. É uma capacidade natural de perceber, em cada situação, o que se afigura como certo, prioritário e em que medida devemos agir.
É a nossa consciência que nos leva a dar conta do que devemos fazer… e repito, do que devemos mas que nem sempre seguimos. A decisão surge depois… surge após escolhermos seguir ou não o juízo criado pela nossa consciência. É no seguir ou não esta voz, este caminho traçado pelas premissas do que está certo ou errado, que nós próprios deslindamos o nosso destino e daqueles que nos rodeiam.
Em variados momentos, muitos são aqueles que lutam, sem que de tal se apercebam, contra esta voz que nos guia pelo caminho, que nos faz distinguir o bem do mal. Esquecem-se deste impulso e são guiados por ações negativas baseadas em preconceitos, legitimando a inferiorização dos outros e infligindo sofrimento.
Para a pessoa que cometeu algo que é errado, a voz de sua consciência é sempre uma chamada de atenção para as suas ações. É isto que nos distingue dos animais; eles não têm consciência do que fazem: não sabem se fizeram o bem ou o mal. O homem, pelo contrário, tem no seu interior uma voz que diz: “faz o bem, evita o mal”.
Apesar desta voz nascer connosco, a consciência precisa ser bem formada porque está sujeita às influências do meio que nos rodeia. Uma consciência bem formada é reta e verdadeira. Formula os seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com princípios como a igualdade, a solidariedade e a justiça. É através do juízo criado pela nossa consciência que percebemos que somos todos iguais, independentemente da cor da pele, do estatuto social, do dinheiro que possuímos ou do sítio onde vivemos.
A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas. Muitas vezes são as circunstâncias da vida que levam a “abafar” a voz que nos indica o que está certo.
Esta voz que se ergue antes de qualquer ação tomada por nós, repete-se também após a tomada de decisão, para que possamos avaliar o caminho que escolhemos.
Que os vários caminhos e atalhos escolhidos por cada um de nós convirjam numa tomada de consciência coletiva… a do fazer o bem, a de acolher a diferença, a de não julgar, a da tolerância… a da igualdade.
P. Melo