Foto: Pomnicek V Lese – Jana Illnerová
You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope someday you’ll join us
And the world will live as one
Imagine; John Lennon
John Lennon cantava pedindo aos povos que imaginassem um mundo sem fronteiras, sem motivos para matar ou morrer, um mundo sem ganância e sem fome, onde cada um pudesse viver o presente e em paz. Ambicionava uma sociedade mais tolerante e compreensiva, sem medos, uma sociedade que aceitasse as diferenças de cada um. Sonhava com uma humanidade em que todos eram irmãos. Cada humano, em vez de se assustar com o desconhecido, sentir medo e aversão, segregar, atacar ou destruir um seu irmão diferente, que se aproximasse para conhecer, informar-se e aprender sobre essas diferenças.
O medo é uma reação emotiva dos organismos vivos ao desconhecido de forma a manter e perpetuar a sobrevivência das espécies. Nos seres humanos, acontece o mesmo, reagimos com a emoção medo a tudo o que nos é desconhecido, diferente, e que pensamos ser ameaçador, seja uma ameaça real ou imaginária. O medo surge quando achamos que estamos perante situações de perigo. Também há medos irracionais, não justificáveis, medos tão intensos, conhecidos por fobias, que infernizam os quotidianos daqueles que os sentem.
Nesta era da globalização, esperava-se que a humanidade estivesse mais evoluída. Uma humanidade mais inclusiva, informada, culta e tolerante, todavia, nesta aldeia global observa-se que, por vezes, os recursos tecnológicos são usados ao serviço de poderes de vária ordem, para acirrar os medos e alimentar ódios.
O medo e a ignorância passeiam-se de mãos dadas. O medo do desconhecido, daquilo que se ignora, gera comportamentos de segregação, desumanidade, até de crueldade, racismo e xenofobia em todos os que não são iguais, que não se comportam de acordo com o formatado.
É a ignorância e a falta de humildade para a admitir, que está a carburar este recente movimento retrógrado da humanidade. Cabe a cada um mudar a sua atitude perante o medo. Observando-o, explorando-o para o conhecer até ele se desvanecer.
A sociedade evoluída e culta, vive isenta de medos, aceita e respeita a diversidade: as diferentes etnias, culturas, raças, rituais, religiões, orientações sexuais, estruturas familiares, pessoas com limitações ou caraterísticas físicas diferentes.
E sim, ele não era o único sonhador a acreditar que é possível uma humanidade mais fraterna, sem medos, com todos os povos a viverem em paz e harmonia.
Tayhta Visinho