Foto: Woman Showing A Cell Phone – Petr Kratochvil
Corre, corre, tenho pressa, isto é para ontem, o dia devia ter 30 horas e mesmo assim…
Andamos todos numa correria desenfreada contra o tempo, temos horários de trabalho de 35 horas semanais, semana americana, vivemos a era da tecnologia. Temos telemóveis, tablets, computadores, ipod e inúmeros gadgets para nos facilitar a vida, para nos darem tempo.
Esperava-se com a revolução industrial nos finais do século XVIII, início do século XIX, que novos modelos de sociedade, mais humanistas e éticos, surgissem. Com a ajuda das máquinas a substituir a mão-de-obra humana, o ser humano trabalharia um número reduzido de horas diárias com vista à satisfação das necessidades básicas, assegurando a sua sobrevivência e bem-estar. Passaria a ter mais tempo disponível para se dedicar a atividades mais nobres como a filosofia, a ética, a cultura e a arte, promovendo assim a evolução do ser humano. Foi um sonho lindo que acabou! O lucro fácil e rápido, a ganância, o poder do dinheiro alterou o rumo da evolução da humanidade.
Tornámo-nos escravos de uma sociedade comandada pelo capital. Onde tempo é dinheiro. Tornámo-nos escravos do tempo, de um tempo que se esvai segundo a segundo, que se escapa irrecuperavelmente.
Atualmente, vivemos na era da globalização, estamos 24 horas por dia, 7 dias por semana totalmente comunicáveis, conetados em simultâneo num mundo global. Apesar desta globalização, nunca estivemos tão solitários e desligados.
Chegou o momento de pararmos e pensarmos o que estamos a fazer de nós. Chegou a hora de pormos limites aos ladrões do tempo.
É este o instante para nos religarmos, a nós próprios e à natureza que nos rodeia. E relembrarmos que somos apenas mais uma espécie dos seres vivos existentes neste planeta, simplesmente mais uma partícula do universo.
Tayhta Visinho