Foto: Holiday – Oscar Castillo
Podia iniciar este artigo com uma breve definição de experiência, mas como sabem, eu não sei como não imprimir um cunho pessoal aos meus artigos. Falta-me o talento da boa escrita, baseada no distanciamento da terceira pessoa. Um dia, talvez…
Não tenho a pretensão de ter já uma enorme experiência de vida, apenas aquela que a vida achou necessário impor. Mas dessa experiência, eis algumas lições, que partilho:
- A qualquer altura pode-nos desabar o teto, e já agora, toda a casa em cima, sem aviso, sem premonição, sem sinais…;
- O sofrimento extremo em alguma situação, não nos deixa imune aos sofrimentos que ainda vêm pelo caminho;
- O melhor da vida são as mesas: a mesa com a família em volta e a mesa com os amigos;
- Há amigos para toda a vida e outros que são apenas conhecidos, com quem vamos convivendo, que vêm e vão, conforme as marés;
- A base de tudo, o princípio de tudo, o pilar de tudo, é o amor e esse, assimilei-o na família onde tive a bênção de nascer. A família é para sempre, tal como o amor;
- Expetativas são ervas daninhas e os “e se” são uma enorme perda de tempo. Não obstante, estes ainda são, de facto, os meus grandes inimigos, porque mesmo já os tendo identificado, às vezes, deixo-me agarrar;
- Mesmo não aceitando o mal que nos acontece, também não vale a pena perder tempo a questionar;
- O tempo tem o maior dos poderes curativos, porque nada há mais catártico que o passar do tempo para avaliar e tirar conclusões;
- Às vezes, no pior dos momentos, a esperança chega. Pode não acontecer sempre, mas há uma luz que se vislumbra ao fundo, até porque só não tem solução a morte!
A vida, por entre perdas e ganhos, ensinou-me, principalmente, o poder da cristalização dos momentos e esse já ninguém mo tira. Não há nada que me faça melhor à alma do que simplesmente parar e olhar à minha volta, absorver os rostos, os gestos, os sorrisos, os afetos. Essa é a melhor das experiências. Experimentem!
Ana Bessa Martins