Foto: First Kiss – Alena Kratochvilova
Por estes dias casei. Cerca de 48 horas atrás encontrava-me a festejar com família, amigos e a minha (agora) esposa. Pessoas que amo e que me fazem feliz. E isso sei-o, conscientemente.
Perguntaram-me, variadas vezes, nos dias que antecederam o evento, se ia mesmo avançar com o casamento. Ou por outra, se tinha consciência do que ia fazer.
Acredito que tal questão (ato consciente de quem pergunta), pelo menos no meu caso, de tom verdadeiro nada teria. Seria então brincadeira, de quem não teve consciência de perceber que a mesma reduzia ao que de facto sentia em relação ao assunto. Mas o contrário, em verdade, não seria de esperar. Cada um ama como ama e sente como sente. E, por vezes, tais mecanismos nem são conscientes.
Claro que pior ficou quando em jeito provocatório, confesso, contrapunha com um “já é a segunda vez”. Conscientemente, claro.
A reação foi sempre a que esperei. Adjetivos em barda, ilustrando ora suposta estupidez, ou então ato corajoso. Mas inconsciente, diga-se.
Seria contudo injusto de minha parte não vos situar em relação aos interlocutores de tais conversas. Não foram convidados, ou sequer amigos próximos. Pessoas com quem me cruzo esporadicamente e que com quem, eventualmente, terei um amigo ou conhecido em comum.
Ficam então algumas considerações conscientes, socialmente falando:
Quem vai casar poderá não ter consciência do que vai fazer;
É válido perguntar se o anterior se verifica nesse caso concreto;
Ao perguntar tal, inconscientemente, minimiza-se o real valor do sentimento impresso ao ato;
O casamento repousa, conscientemente, numa suspeita de falência eventual;
E quem casa por segunda vez, tem por certo um défice intelectual por diagnosticar; E do mesmo não terá consciência.
PS: Aproveito para escrever que estou mesmo muito, muito feliz. Este “enforcado” acredita no amor. E enquanto assim for, os inconscientes serão os outros.
Rui Duarte