Foto: Pensive Baby – Amy Quinn
O dia é de sol – luz e calor – mas o teu ânimo adequa-se mais a uma noite de inverno, tenebroso e escuro.
Preencho-te de beijos, abraços, mimos, colo. Quero fazer-te sentir especial, amado, protegido. Dar-te tudo aquilo que realmente importa. E tu queres, precisas e gostas. Mas não chega. Não chega para te fazer feliz: nem muito feliz, nem muitas vezes feliz. Porque a felicidade parece em ti algo de estranho, que não pode permanecer muito tempo, já que é com a tristeza que melhor te identificas.
Os bons momentos, aprecia-los palidamente. Os maus momentos, vive-los como se não aguentasses mais o peso do mundo sobre os teus ombros. Uns ombros tão pequenos como o devem ser os de uma criança que és.
Interpretas as frustrações como amargas derrotas; os erros como falhas irremediáveis. E choras, choras tanto, que não sei se são as lágrimas que te impedem de ver: de ver que te Amo infinitamente, que a perfeição não existe, que os erros são humanamente aceitáveis, que ainda há tanto, mas tanto que não viste e viveste que…
Tão pequeno que és, e já te sentes tão derrotado. E eu impotente. Porque não sei como fazer para te fazer perceber que a felicidade está mesmo aí, à tua frente, pronta para que mergulhes nela.
E sabendo eu que as verdadeiras frustrações, os erros graves, as situações complicadas ainda estão por vir, sinto que tudo vai ser-te mil vezes mais difícil do que normalmente seria.
E quando recordo a primeira noite que passámos juntos em casa, e eu percebi, assustada, que tu nunca mais te irias embora, sentindo-me impotente e incompetente para tomar conta de ti, concluo que estava muito, mas muito longe de imaginar o terror que hoje sinto, por estar certa de que tomo tão bem conta de ti, mas que não consigo proteger-te das tuas sombras.
Sandrapep