Foto: Woman - Michael Gaida
Não que já não soubesse. Mas aquela tomada de consciência…
Foi num dia banal, no meio de uma tarefa ainda mais banal. Ou talvez tenha sido aquele momento em que parou o que estava a fazer para olhar em volta e sentir-se grata. E de súbito uma brisa. E, de um sopro, um suspiro vindo da alma. E sentiu uma saudade inexplicável e dolorosa.
Saudade daquelas todas outras que queria ser e não podia. Saudade das tantas mais vidas que queria viver, mas que eram irrealizáveis.
Porque ser é muito mais simples do que desejava. E o aceitar uma pessoa é esperar que esta seja algo de coerente. No mínimo, redutor. Tantas outras pessoas que podia ser (e é), mas que não podem espreitar a luz do dia. Não poder seguir esses trilhos, todos ao mesmo tempo (ou intercalados), faz com que não seja, não viva em pleno. E às vezes, uma ponta de tristeza, uma insatisfação que se instala.
O vento já não soprava. Em resignação, dedicou-se novamente à banalidade de uma vida normal. Resta-lhe a quimera.
Sandrapep