Foto: Walkers - Anja
O conceito de pesadelo aparece-nos quase sempre associado a um sonho mau, fortemente perturbador. Daí se desabafar vulgarmente, quando tal acontece, com as seguintes expressões: "esta noite tive um sonho mau; vivi um autêntico pesadelo". Contudo, o pesadelo não ocorre apenas nos sonhos, não é deles exclusivo, porquanto, e embora em sentido figurado, na realidade do dia-a-dia, também é comum surgirem, não raras vezes, pesadelos resultantes de terríveis preocupações e de pensamentos negativos.
Durante a vida experimentamos as mais diversas sensações amargas e penosas: umas, que são causadas por fatores endógenos, inerentes à própria pessoa, quase sempre acompanhadas por um forte sentimento de medo de se poder vir a realizar ou a concretizar algo muito desagradável; outras, por circunstâncias exógenas ocorridas na sociedade ou na comunidade em que se está inserido, que poderão constituir um autêntico suplício quando interiorizadas, partilhadas ou vividas de perto, nomeadamente, numa situação de grave crise financeira, sujeição a um arbitrário e injusto silêncio e à tortura de notícias repetidamente noticiadas na TV e nos jornais sobre determinados acontecimentos trágicos.
Todavia, apesar da carga negativa que encerra um pesadelo, começa a vislumbrar-se a teoria de que é preciso repensar a função do pesadelo na sociedade, na justa medida em que dele possam advir alguns benefícios reais. O pesadelo, enquanto importunação, agrura ou algo profundamente desagradável, não será sempre inelutável, pode mesmo ser vencido desde que saibamos gerir as adversidades da vida de forma a que estejamos preparados quando as coisas acontecerem. Por isso, devemos ter sempre presente a máxima de que, a razão pensante tudo pode remediar.
José Azevedo