Foto: Alone - Barn Images
Qual foi o seu maior pesadelo? Você se lembra?
Comigo já aconteceu de ter um pesadelo brutal, daqueles em que acordamos transpirando, com o coração acelerado. Demorou um pouco para eu me recompor. E o pior é que mesmo depois de algum tempo acordada, ouvindo o barulho do vento a soprar com violência e o despencar das folhas das árvores, eu voltei a dormir. Dormir e sonhar (afinal um pesadelo nada mais é que um sonho; mal sonhado). Voltei a sonhar com as mesmas coisas que me fizeram acordar encharcada de suor. Era uma sensação ruim, como se eu não conseguisse respirar, talvez. Acho que não conseguia enxergar, faltava-me ar e pouco via, andava tateando, tentando desviar, tropeçava, acabava no chão. Sozinha, sem conseguir enxergar. Não sei quanto tempo durou esse sonho-pesadelo. Me pareceu uma eternidade.
Quando acordei pela amanhã, abri os olhos e tudo estava como antes. O sol a brilhar pela janela nos primeiros raios do dia. As gaivotas a grasnar, o mundo como eu conhecia, estava em seu lugar. Que sorte a minha. Tudo não passara de um sonho ruim. Retomei os meus afazeres diários um pouco mais feliz que um dia normal, mas fiquei a pensar naqueles que não tiveram a mesma sorte. Que por um infortúnio da vida, deixaram de ver, de andar, mas ainda assim não deixaram de viver.
Leticia Dumas