Foto: Maldives – David Mark
Tirando as aderências que não vêm ao caso, o Homem é um ser maravilhoso, positivo, confiante, voluntarioso. Pode ser apenas imediatista e não olhar ou não se aperceber de nada mais do que aquilo que está à mão, e ao tempo, de semear. Sem ser para semear, bem entendido, mas para usufruir. Pode ser calculista, do tipo não dar ponto sem nó, cada passo é dado, cada palavra é dita, ou não, em função de planos, objetivos futuros, interesses próprios. Nenhuma destas descrições, quase que extremas, pretende ter qualquer intuito qualificativo, apenas descritivo.
Aceitamos o presente e vamos tirando partido dele. Não se têm expetativas, nem desesperanças. Fazemos do momento plataforma e impulso para conquistas futuras. Enriquecer, ser promovido, poderoso, viajar para aquela praia ou montanha do outro lado do mundo. Ou ter como prioridade ajudar, direta ou indiretamente, quem achamos que está desvalido, temporária ou perenemente.
E tanto uns como os outros, os que aceitamos geralmente o presente, situação após situação, anos após ano, como os que temos anseios mais evidentes e que deles fazemos alavancas do viver, o praticamos aos 15, como aos 30, como aos 50 anos. Com a evolução da esperança de vida, mesmo aos 70 anos e mais além. Haverá que retirar da equação a primeira dezena de anos de vida, quando ainda não temos grande, ou nenhuma, consciência da nossa transitoriedade neste mundo. De resto, fazemos tudo sabendo e experienciando que nascemos sem trazer nada connosco e morreremos, mais cedo ou mais tarde, sem levarmos nada.
A vida podia ser um pesadelo constante, contínuo, envolta numa ansiedade insuportável e paralisante. Mas não é. Tem momentos, fases, mas na realidade conseguimos sonhar - aos 5, 10, 20 ou 70 anos - e fazer dos sonhos, do dia-a-dia, de uma ou outra maneira, o comando da vida. É assim, com quase todos nós e é, apesar de vulgar, extraordinário!
Jorge Saraiva