Foto: Face
Eu sentia, eu sabia. E ela perguntava-me: “Sabias o quê?”.
Sabia quando olhava para ti, sentia aquelas ditas “borboletas no estômago”, aquele friozinho que arrepiava até ao fundo da alma. Os meses iam passando e a paixão acentuava-se, nada diminuía, muito pelo contrário. O carinho que sentia era cada vez maior, a cumplicidade e o amor. Dizia-te muitas vezes que eras daquelas pessoas únicas, que dava para passar por ti como se nem estivesses presente. E tu rias à gargalhada, não entendias – dizias tu. Dizias que não eras nenhum fantasma, que eu estava a ver muitos filmes, como era possível passar através de alguém, e rias novamente. Eu ria-me também. Não, não era nada fantasmagórico, era uma maneira de te dizer que isso era uma das tuas melhores qualidades. Uma das coisas que mais admirava em ti, a tua transparência. Eras das poucas pessoas que conheço que eram exatamente aquilo que transpareciam. Que nos tranquiliza à primeira, que nos faz apaixonar sem medos, que nos transporta para outro mundo, um mundo mais leve, mais colorido. Coisas assim, nos dias de hoje, estão a ficar em vias de extinção. Tu rias-te quando dizia tal coisa. Porque a tua bondade às vezes era ingénua, mas esse olhar doce e ingénuo só me fazia amar-te ainda mais. Em ti eu sabia que podia confiar, sabia que me podia apoiar. Que podia ser sem medos. Sem segredos.
Digam-me vocês. Não é bom amar assim? Poder ser livre estando com alguém? Podermos ter a certeza da transparência da pessoa com quem vivemos, que amamos? Sim! Eu sinto-me uma sortuda. Amo-te “fantasmagoricamente”, dizia-te. E tu? Sorrisos com esse sorriso doce e ingénuo.
Inês Ramos