Foto: Love – Юрий Урбан
Simpatia, beleza, empatia, química - sim, também, até pode ser tudo isso que entrechoca, faz chispa e produz faísca, lança a chama, lavra um fogo crepitante. E depois?
As dúvidas, as hesitações, as culpas, o lastro? Os mal-entendidos, os outros amores, os desencontros e os desmerecimentos. Sim, oh sim!
A carne é boa, muito boa; é inebriante, explosiva, sufocante, ardente e vê-se, sente-se, toca-se, arrepia-se, transpira-se. Da capo!
Sim, outra vez.
Também a música, a voz; tocar, cantar podem ligar-nos. E ligam.
O prazer da mesa, no prato e no copo, multiplicado pelo prazer da presença dos amigos múltiplos.
O sexo e a mesa compram-se ou trocam-se. Não é por aí, portanto.
O que faz o amor, com que haja amor? Tem parcelas? É total, inteiro, digo eu. Não vem de volta? É igual. Que interessa? Interessa, mas o mais importante, faltando muito, muito para ser tudo, é podermos e sermos capazes de amar, termos como e quem amar.
O amor dá vida, traz vida. Ainda que não tenha razões, é razão de vida. Sem o amor, o quê?
Que bom, como eu sou capaz de amar, de saber que o amor pode ser eterno, aconteça o que acontecer. Sim, incondicionalmente!
O amor precisa de tudo, o amor não precisa de nada. Não é à escolha, é assim. O amor é! Permanece. Pereniza.
Precisamos de ser amantes e chegamos ao amor. Vivemos com amor.
Jorge Saraiva