Foto: Smile – Mihai Paraschiv
A vida não me poupa a desgostos. Como todos os mortais, com mais ou menos dor, já abdiquei de coisas e pessoas. Já parti com vontade de ficar, deixei partir com vontade de agarrar. Sofri perdas e fiz lutos. Senti e partilhei solidões. E, com tudo isto, não me zango com a vida. Não é retórica, é mesmo convicção minha, que a vida sem estas experiências não é suficientemente rica. Estes “sentires” fazem parte da vida. Mau seria se no fim da minha existência não soubesse como a tristeza dói e como as lágrimas queimam a flor da pele na sua passagem.
Nestes momentos tão marcantes, a solidariedade humana, um sorriso franco e o conforto de um abraço ajudam-nos a não nos perdermos e a mantermo-nos ligados e conscientes.
Sei, por experiência, que a desgraça, enriquece-nos de atenção, mimo e afeto, dádivas tão precisas e preciosas.
Já dei acolhimento ao desgosto de amigos e já recebi a solidariedade dos seres bons nos meus momentos maus.
Mas, e os momentos bons, com quem os podemos partilhar? Quem se regozija verdadeiramente com os nossos êxitos?
As pessoas boas ajudam-nos a ultrapassar os momentos maus mas só as pessoas de espírito e natureza sãos, se alegram com os nossos êxitos e as nossas alegrias e esses, não são assim tantos.
Alegra-me com a tua alegria por me sentires alegre!
Cidália Carvalho