Foto: Yoga Exercise – Anna Langova
Se pensarmos naquilo que nos distingue como humanos, parece-me improvável que a noção de consciência não aflore, rapidamente, à nossa mente. É, pelo menos, assim comigo. Somos seres conscientes, com capacidade para mergulhar em memórias passadas e em planos futuros; com possibilidades para tomar consciência de cada ação e respiração do nosso corpo... Mas então, num mundo repleto de estímulos e sofisticadas distrações, a nossa consciência afasta-se frequentemente de nós próprios.
Entre preocupações, previsões e preparos, torna-se natural corrermos o mundo de olhos no que ainda não chegou. Os “pres” parecem-me, todavia, antecipações parcialmente desnecessárias. Isto é: quanto tempo passamos com foco em algo que nunca existiu e desvalorizamos, assim, o que de facto nos rodeia?
E depois há as memórias, e as profundas viagens na senda do passado. Não pretendo criticar planos ou lembranças; proponho somente um olhar, uma reflexão, uma tomada de consciência: entre os aléns abstratos onde nos escondemos, onde fica a consciência de onde estamos, do que sentimos e do que, no fundo, somos verdadeiramente?
A meu ver, consciência é o que somos mas, simultaneamente, o que está mais longe de nós próprios; aquela essência ou capacidade que deveríamos procurar com mais força. Quando foi a última vez que nos sentámos conscientes de cada inspiração sem qualquer apego a noções de tempo?
Entre hábitos e impulsos as nossas ações seguem-se sem grande consciência – e assim caminha, como uma sombra invisível, a nossa verdadeira essência a nosso lado. Quando foi a última vez que largámos quaisquer rótulos para desfrutar simplesmente da nossa existência, por um momento?
Consciência de cada ação, de cada emoção e de cada sensação no nosso corpo – esse é o meu yoga, a procura de cada dia. É uma forma de união connosco mesmos, com uma mais autêntica forma de existência. Antes dos rótulos sociais; para além das abstrações no tempo.
Consciência de cada momento e aceitação do presente. Fusão com o espaço e ... enfim, falo somente de experiências pessoais de consciência. Um caminho, a meu ver, digno e belo de ser explorado. À experiência de ser conscientemente; a resposta: felicidade. Súbtil, esmagadora felicidade.
Isabel Pinto