12.7.12

 

Há qualquer coisa de profundamente errado neste quadro: este país à beira-mar plantado, com excelentes condições climatéricas, gastronómicas e culturais, definha de dia para dia. Sente-se a aproximação silenciosa de uma espécie de nuvem negra, de um nevoeiro cada vez mais denso, mais enxofrado e fétido.

Temos tudo para termos tudo mas falta-nos tanta coisa. Temos brandos modos e modos de brandura que enervam. Temos gente boa e gente que, de tão boa que é, até enerva.

Temos bons pais, bons filhos, bons amigos, bons profissionais, bons… Temos tanta coisa boa… Mas isto não anda. Nem vejo jeitos de andar.

Enervam-me os putos malcriados que não querem nada da vida, nem deixam que outros queiram. Enervam-me os putos gordos que se deixam engordar sob o olhar parcimonioso e protetor dos pais.

Mas enerva-me mais saber que os putos são aquilo que os adultos deixam que eles sejam. E enerva-me mais ainda a ideia de que um dia esses putos serão os adultos que perpetuarão a má-criação e a engorda.

E nenhum brando modo trava isto.

É preciso uma boa dose de loucura para dar um murro na mesa. Seria um desrespeito pelos bons costumes deste país tão bem plantado à beira-mar.

Que nos vejam o rabo. Antes isso que dar um murro na mesa.

Antes parvo que louco.

Brandos modos é o "quero lá saber!" dos coitadinhos.

Depois logo se vê. Qualquer coisa surgirá. O que nos remete para o outro lado do "quero lá saber!": "o desenrasca".

Preparação para quê? Eu desenrasco-me.

Este país não é para loucos. É para gente boa. Para gente boa com o rabo à vista.

 

Joel Cunha

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 22:05  Comentar

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