Saberiam os pioneiros da web até onde os levariam os passos no desconhecido mundo da informática?
No início desta caminhada, os exploradores sabiam quando se movimentavam no mundo real ou virtual, as zonas estavam bem definidas e separadas, mas hoje os dois mundos tendem a fundir-se num só, com predominância, em muitos casos, do mundo virtual. Os cafés, tantas vezes pontos de encontro, os clubes e outros espaços de socialização estão a ser substituídos pelas práticas de individualização em frente a um computador que, virtualmente nos liga a todo o mundo. Viajamos por terras longínquas sem termos de sair do nosso espaço de conforto e segurança - a nossa casa. Fazemos amigos distantes sem nos conhecermos, a idealização do amigo virtual compensa a falta do contacto físico, do calor humano. Os nossos conhecidos, os que moram ao nosso lado, não nos interessam, não reparamos neles; porém, quando desligamos o computador, a nossa “companhia” volta a ser a solidão.
A Internet perpétua os momentos e potencializa-os. Todos nós, uma vez ou outra, nos expusemos em situações embaraçosas, numa discussão ridícula, numa zanga sem sentido, num momento eufórico, num desvio à norma padrão. Antigamente, e por antigamente entenda-se menos de uma década atrás, rapidamente o facto comprometedor passava para a esfera das recordações. Agora, por força do virtual, esse momento é testemunhado e revivido por milhões de pessoas. O facto vivido, descontextualizado daquela realidade e trazido para a atualidade por força do virtual, pode causar contratempos irreparáveis.
Não sou fã do mundo virtual, mas com facilidade reconheço que num processo em que as novas tecnologias e a informática são cada vez mais invasoras, não podem existir infoexcluídos porque o virtual é uma realidade.
Saberão hoje, os exploradores informáticos, após tantos avanços, para onde se dirige e qual o limite do mundo virtual?
Cidália Carvalho