Kasl, Rodriguez, e Lasch (1998), numa revisão de estudos sobre as implicações do desemprego, tiram conclusões que parecem óbvias mas que muitas vezes esquecemos. Assim, o desemprego acompanha-se de um aumento de morbilidade por doença física, como úlceras, artrite, doenças do aparelho respiratório, cardiovascular, da visão, audição, dores de cabeça e dos dentes. Há um aumento dos riscos biológicos, proporcional ao tempo da situação de desemprego.
O desemprego tem também um impacto negativo sobre a saúde mental e no bem-estar do indivíduo. Os sintomas depressivos são os que se encontram mais frequentemente associados a esta situação social. As consequências na saúde mental do indivíduo parecem ser menores nas áreas rurais do que nas urbanas. Da mesma maneira, parece que quando estamos perante uma situação em que há privação primária (falta de alimentos, roupa) o impacto na saúde é mais grave do que quando estamos perante uma situação de privação secundária (férias, carro, …).
Há uma taxa de mortalidade associada ao desemprego, 20% a 30% superior à que se verifica para a população em geral, considerando as diferenças relacionadas com a idade e o estatuto socioeconómico.
Habitualmente esquecemo-nos que, nós que temos emprego, estamos numa situação privilegiada e eventualmente focamo-nos em pequenos “detalhes” que nos desmotivam.
Não nos referimos, é claro, a questões muito graves de por exemplo mobbing, que podemos numa explicação simples dizer que se trata de abuso/perseguição emocional no local de trabalho.
Terminemos de uma forma menos séria lembrando a origem da palavra trabalho - Tripalium. Vem do latim e era um instrumento que consistia em três paus fixados no chão em forma de pirâmide, no qual os agricultores batiam o trigo e as espigas de milho. Os romanos transformaram o tripalium num instrumento para torturar os escravos e os camponeses que não conseguiam pagar os impostos. Com o passar do tempo, a palavra passa a ser associada a realizar atividades com um certo grau de esforço. Curioso é que nessa época, o “trabalhador” era o carrasco que torturava os camponeses. Ao contrário, hoje em dia, os “torturados” somos nós, que nos matamos diariamente a trabalhar frente ao “todo-poderoso” que muitas vezes não tem a nossa nacionalidade e encontra-se a milhares de quilómetros de distância do nosso posto de trabalho. Enfim, inerências das TIC e da WWW.
Ana Teixeira