Mudar, sempre é difícil. Se vamos mudar de casa, logo estamos envolvidos com caixas e mais caixas. Guardando coisas, separando objetos, encontramos passado e presente. Coisas que um dia significaram alguma coisa, outras perderam sentido. Fotos aparecem e contam histórias. Telefones anotados em pedaços de papel, quem nunca pegou um guardanapo e escreveu um telefone? Tantas coisas que juntas contam quem somos nós. Separadas em caixas, cobertas e às vezes no lixo, continuam sendo uma parte do que somos.
Na vida, mudar de casa é como mudar para crescer, deixar para trás o que conhecemos e começar do zero. Tantas vezes somos obrigados a mudar nossos sentimentos, fingir que não estão ali, tentar melhorar até conseguir mudar, para poder seguir adiante.
Mudanças boas existem, fáceis não. Mudanças rápidas e inesperadas, também.
Apesar de muitos negarem, em alguma coisa todos queremos mudar. Porque mudar significa evoluir, conseguir alguma coisa.
E mudar por amor? Impossível. Ninguém muda por amor. Escondemos algumas coisas por amor, mas mudar não mudamos. O amor é tão temperamental que ele está convencido de que pode mudar o outro, é questão de tempo e de jeito. Muito se investe nisso, mas o outro não muda. Porque ninguém muda por decreto nem por amor. Mudança é uma coisa que está no fundo da alma, uma necessidade que todos temos, mas tentamos ignorar. Apenas quando ela vem à tona é que conseguimos a força para mudar.
A dor também faz mudar. Sofrer cansa, desgasta, queima a esperança. Assim, depois de tanta dor, mudamos, não queremos mais sofrer aquilo de novo e mudamos nosso jeito de pensar.
O crânio humano é resistente, ideias entram fácil, mas resistem em sair, então só temos a alternativa de mudar.
A natureza não resiste. Muda as estações, a temperatura, as plantas. Fazem isso em silêncio, apenas para nos mostrar que mudar não é ruim, pelo contrário, quando mudamos, coisas melhores acontecem.
Iara De Dupont (articulista convidada)