26.5.11

 

Numa dimensão cósmica, sei que a minha existência tem uma razão de ser, embora não seja capaz de a perspectivar em toda a sua dimensão, na medida em que o meu campo de visão é apenas humano. Percebo somente que sou parte integrante de um sistema universal e que tenho uma missão a cumprir. Se me conseguir dedicar plenamente a esta tarefa, será a obra de uma vida.

Na minha perspectiva, o que dá sentido à minha vida são todos os pequenos momentos que constituem o meu dia-a-dia. Para mim é importante viver o momento presente, tirar partido deste momento. Se for um momento feliz quero sentir prazer em vivê-lo, numa circunstância infeliz será um desafio que tenho pela frente. Sei que sou um ser único e complexo, como cada um de nós, e como tal devo conhecê-lo e explorá-lo o máximo que puder, visto que esta é uma oportunidade única. Apesar dos mais diversos sofrimentos que a vida possa trazer, gosto do modo como encaro a minha vida, sinto-me bem com a forma como a vivo e, implicitamente, esta é a moeda de troca que encontro para agradecer tudo o que a vida me dá. Tive a sorte de ter nascido onde nasci e quando nasci, livre de ser quem sou… podia ter nascido no Paquistão ou na Somália, penso que em ambos os casos, neste momento, teria boas razões de queixa. Se tivesse nascido há cinquenta ou cem anos atrás, provavelmente não usufruiria um terço do conforto com que vivo actualmente; o que não impede de ouvir muitas histórias felizes dessa época...

 

Considero que é importante pensarmos duas vezes antes de nos queixarmos. É verdade que as injustiças existem e sempre existiram, não apenas na nossa rua, no nosso quarteirão ou no nosso país. Se este mundo fosse justo, não teriam já morrido à fome várias dezenas de pessoas (adultos e crianças), desde o momento em que comecei a escrever este texto. Esta é uma realidade crua que conhecemos, reconhecemos, mas que acaba por não nos afectar porque não incide no nosso dia-a-dia, simplesmente temos a sorte de nem sabermos verdadeiramente que realidade é essa. Obviamente não podemos mudar o mundo, mas podemos fazer a nossa parte, aquela que está ao nosso alcance, e que começa por dar à nossa vida o sentido que ela merece.

No país e na época em que vivo, na sociedade em que estou inserida, correndo o risco de destoar das correntes actuais, faço questão de hoje usufruir da minha liberdade e escrever publicamente que sou feliz aqui, no país onde vivo. Ultimamente, os meus hábitos podem ter mudado, os meus orçamentos reavaliados, mas não é por isso que o sentido que dou à minha vida se denegriu. Agora, mais do que nunca, tenho consciência do que é realmente importante e tenho vontade de lutar e trabalhar, agarrar-me à vida e às oportunidades que ela me oferece.

 

Estefânia Sousa

 

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Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 22:05  Comentar

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