Para se falar de Amizade com justiça, devemos recuar até aos tempos idos das nossas infâncias. Quem eram, na altura, os nossos amigos? Eram aqueles com quem partilhávamos as brincadeiras, que faziam parte dos nossos jogos imaginários do faz-de-conta e que nos ensinavam, todos os dias, a partilhar, a negociar, a rir e a chorar. Sim, porque os amigos também se zangam, gladiam-se, magoam-se e fazem-nos sofrer. Mas eram essas mesmas pessoas, os amigos, que sabiam lamber as nossas feridas com carinho e dizer sem qualquer orgulho ferido “És meu amigo e eu gosto muito de ti. Vamos brincar?”.
Quando somos mais crescidos, os amigos são aquelas pessoas com quem partilhamos e “condividimos” ideias, valores, ideais ou objectivos. São aquelas pessoas especiais a quem, lentamente, vamos baixando as nossas defesas deixando-as conquistar o nosso forte (in)seguro e religiosamente guardado. E vamos descobrindo que são essas pessoas que possuem um dom particular: o de nos chamar à razão, colocando a nú a cruel realidade dos nossos defeitos e debilidades, ao mesmo tempo que nos afagam o cabelo num gesto terno e nos segredam em confidência “Conheço as tuas falhas, mas sou teu amigo. Vamos conversar?”.
Os amigos são a família que o nosso coração vai criando ao longo do percurso que desenhamos na nossa vida. Por vezes a distância, as armadilhas do tempo, os insolúveis mal-entendidos ou tão-somente os caprichos da vida, afastam alguns amigos dos nossos rumos, mas o seu lugar único e distinto no nosso coração mantém-se intocável e eterno. Cada um deles deixa a sua marca e a impressão digital da sua Amizade. À minha família do coração, um sentido Obrigada. Obrigada por fazerem parte da minha vida e da pessoa que sou hoje…
Liliana Jesus