Apesar do tema ser idêntico ao do Bowlby, não é meu intuito vir aqui discorrer sobre psicanálise, nem tão pouco abordar o luto e a perda permanentes, derivados da morte de um ente querido, pelo menos não neste momento.
O luto e a perda que me traz aqui hoje, refere-se ao provocado pelas pessoas que em determinado momento se atravessam na nossa vida e que depois, por um ou outro motivo, tão depressa como entraram na nossa vida, saem. É indubitável que esta passagem e este contacto nos enriquece, nos traz alegrias, por vezes tristezas partilhadas e memórias de tempo "gasto" a conhecermo-nos. No entanto, quando termina, não conseguimos deixar de nos sentir egoístas. Egoístas, no sentido de ficarmos tristes por deixarmos de estar com essas pessoas, apesar de, racionalmente, sabermos que a nossa perda ocorre, não por nossa causa, mas por motivos de força maior que, em muitos casos, resulta em situações melhores e mais satisfatórias para as pessoas que "perdemos".
É por causa desse misto de emoções que muitas vezes desejamos boa sorte e as maiores felicidades, quando, na realidade, pensamos "não vás, fica aqui comigo", apesar de sabermos que não é o melhor para a pessoa que agora parte. E lá ficamos nós entregues a nós próprios, obrigados a fazer um luto sem querermos, a uma perda que não sendo definitiva, não deixa de nos magoar e de nos deixar tristes.
Acresce a este sofrimento um outro, provocado pela sociedade de consumo imediato, que não nos dá tempo para fazermos o luto ao nosso ritmo e que quase nos obriga a "esquecer" e substituir esta amizade, com a mesma rapidez e simplicidade com que se estrela um ovo.
Pode ser de mim, mas questiono-me se esta rapidez toda e esta rotatividade forçada de amizades, será saudável. Não deveriamos ter mais tempo para fazermos o nosso luto tranquilamente e sem pressões...?
Alexandre Teixeira