13.11.08


 

Venho ao blog para vos desafiar a discutir o tema da Eutanásia.

 

Vem este desafio a propósito de uma notícia que acabei de ver na televisão:

Uma menina de 13 anos tem leucemia e desde muito pequena que faz quimioterapia. Uma complicação no coração e os médicos dão-lhe seis meses de vida. Existe uma possibilidade de prolongar este período se se fizer um transplante do coração.

A menina recusa tal operação.

 

A protecção de menores moveu uma acção para retirar a menina aos pais, penso que por acharem que eram os pais a recusarem a operação. O juiz depois de ouvir a menor reconheceu-lhe autonomia para decidir sobre o seu futuro.

 

Na televisão a jovem explica as suas razões que, resumidamente, se prendem com o facto de estar cansada de sofrer e não querer prolongar esse sofrimento.

 

A mim, impressionou-me a maturidade com que a menina defende o seu ponto de vista e, fazendo eu voluntariado no sentido da defesa do bem Vida, nem por isso deixei de sentir um enorme carinho pela menina que tranquilamente apela para que a deixem morrer.

 

Mas, esta concepção não abrirá precedentes que, sendo aceitáveis nuns casos poderão ser decisões de grande leviandade noutros?

 

E quem poderá ajuizar da aceitabilidade de uns ou outros casos?

 

Ser contra a eutanásia não é deixar de compreender e de certo modo julgar aqueles que sem coragem para continuar puseram fim a uma tortura?

 

Por outro lado, todos nós conhecemos casos de pessoas que aprenderam a lidar com estados físicos de grande limitação e sofrimento e, confessam que no início só queriam era morrer...

 

Não se mataram porque não tinham os meios à mão...

 

E se alguém lhes tivesse feito esse "favor"? Já não estariam cá para nos darem o testemunho de coragem e de conquista que pauta o dia a dia dessas pessoas.

 

A morte assistida é muitas vezes defendida por questões de dignidade. Dignidade na hora da morte. Mas viver numa cama é indigno?

 

Interrogações minhas que estou bem de saúde.

 

Cidália Carvalho

 
Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 08:20  Comentar

De Cidália a 2 de Dezembro de 2008 às 20:25
Pois é Bruno, o tema é recorrente no psicolaranja mas por mais que eu pense, escreva ou leia nunca chego a certeza nenhuma.
A conclusão "só sei que nada sei" é a única certeza...
Ana, o abandono dói tanto que muitas vezes custa a vida a quem o sente.
Dor é dor e pronto. Não sei se é possivel mensurar a intensidade porque depende de muitas variáveis desde logo a capacidade de sofrimento de cada um.
A questão é que num caso a pessoa pode procurar pelos seus próprios meios formas de acabar com essa dor. Noutros casos, as pessoas estão tão diminuidas na sua mobilidade que não tÊm forma de chegar aos meios para pôr fim à vida

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