A morte chega cedo
A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Fernando Pessoa
É breve toda a vida e longa toda a morte…
A longevidade da morte é o que nos assusta… com a morte surgem sentimentos como culpa, raiva, medo, saudades, solidão, desespero, melancolia, ansiedade, e associado surge o choro… Estes sentimentos surgem porque nos apercebemos que é o fim, o fim de uma vida, o fim de tudo e que não mais existe… A morte é uma perda… A morte faz-nos questionar o porquê de tudo… Pode também a morte ser esperada ou inesperada, ao ponto de podermos dizer “eu já o esperava” ou então “não contava que acontecesse”.
Podemos dizer que morrer significa: deixar de viver… e o deixar de viver não significa só deixar de existir pois, por vezes, pessoas que embora ainda vivam por possuírem sinais vitais não vivem, sobrevivem!… ou seja, morreram para a vida! Acarretam muitas vezes um fardo e a morte para elas seria a sorte grande, outras vêem a morte como uma saída, uma fuga… uma fuga para os problemas!
A morte pode ser vivenciada de várias formas, nem todos reagimos da mesma maneira… O afecto, a relação que temos com a pessoa vai determinar a forma como encaramos a morte, a sua previsibilidade, a própria personalidade, entre outros factores… Contudo pode concluir-se que, em quase todos os casos é difícil encarar a morte de alguém…
Com a morte surge o luto, uma dor… e este luto pode ser comum, pois é normal todos passarmos por um processo de dor que é passageira, e por outro lado pode ser patológico - o luto permanece mal resolvido ao longo do tempo!
Todos passamos por um processo de luto… que acarreta algumas fases e algumas respostas! O luto é então um processo natural de vida… e constitui uma fase transitória… mas muitas vezes não sabemos como gerir todo este cocktail de sentimentos!
Deixo então uma questão: porque é tão difícil a morte, ao ponto de não sabermos o que dizer, por exemplo, a um amigo que perdeu alguém querido?
Liliana Pereira