1.12.09

 

Ainda me lembro do Natal… há muito tempo atrás, quando era uma criança, e o natal parecia um evento maior, mais feliz e emocionante, todos nos juntávamos na casa dos avós e todos, mesmo todos, fazíamos uma grande festa… eram primos, tios, irmãos, todos misturados, ríamos e brincávamos… os garotos cá fora a correr nem sentiam o frio na pele, que era muito na altura! Apenas as faces rosadas e o nariz vermelho! As mulheres atarefadas a preparar os manjares, que sempre me cativaram, os odores misturados, a água na boca… os homens a conversar com gargalhadas estridentes e junto à lareira… logo escurecia, e a chamada para a mesa era ponto fulcral, pequenos para um lado, graúdos para o outro… como eu gosto do Natal! Sabores, cheiros, prazer nos rostos de todos e nenhuma máscara para enfeitar! E quando o relógio avançava, os miúdos deliravam, a altura das prendas chegara! Mas, não como agora, eram prendas mais sentidas, mais pequeninas na sua dimensão, todavia mais queridas! Agora as exigências são outras! E a missa do galo à nossa espera na escuridão da noite, ninguém se queixava do frio ou cansaço… era uma vez o Natal do antigamente… não tão antigo assim, mas para mim parece… a única coisa que permanece são os cheiros e sabores tradicionais que teimam em não desaparecer, pelo menos na minha família, mais reduzida agora, ou mais separada digamos…

 

Hoje o Natal é mais comercial. Continua a ser das crianças… hoje sou eu que dou as prendas e não penso no que posso receber, já não escrevo cartas ao Pai Natal…tento que as ofertas sejam sobretudo simbólicas, como simbólico é o Natal… ou era!

 

Hoje são as filas nas lojas, comprar por comprar, só para dizer que se dá e que não nos esquecemos de quem só lembramos porque é Natal! Pessoas que avivam o espírito natalício com o stress, encontrões, palavrões e afins! O dar já não é como antigamente… não damos, competimos! Dar é quem se dá aos outros, aos outros que não têm ninguém para receber ou se dar!

 

Talvez o Natal tenha sido sempre assim, mas como era criança via-o com outros olhos e não reparava nestes detalhes… era apenas feliz por ali estar com a minha família toda, mesmo toda!


Cecília Pinto

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 18:07  Comentar

De João Pedro a 13 de Dezembro de 2011 às 09:51
Oi Cecília, tudo bem? Adorei teu texto sobre o natal. Ele é tão singelo e puro e faz todo sentido. Ele tem uma qualidade indiscutível: é verdadeiro!
Eu o copiei e publiquei em uma revista aqui no Brasil, e dei os devidos créditos, logicamente. Eu gostaria que tu me enviasse teu endereço por e-mail para que eu possa te enviar um exemplar desta revista. jaopedro12@gmail.com
Um enorme abraço!

De Cidália Carvalho a 14 de Dezembro de 2009 às 20:48
Marcolino,
Natal diferente...o que importa é que realmente se sinta bem, em paz...
Estamos por aqui e fazemos-lhe companhia.

Fique bem!

De Marcolino - Passatempo a 4 de Dezembro de 2009 às 00:51
Olá Cecilia,
Adorei este seu texto!
Fez-me recordar épocas natalicias já passadas. Umas, em Dezembro fazia calor de estoirar granitos. Outras, em Dezembro Europeu fazendo um frio de rachar. Um único Natal, passei-o nas matas angolanas. Mas estes últimos 10 Natais, tenho-os passado a sós comigo mesmo.
Cozinho uma bela posta de bacalhau, com batas, dróculos, 1 ôvo, cebola, e uma cenoura.
Num prato fundo, migo em azeite e vinagre q.b. dois ou mesmo tres dentes de bom alho e faço assim o molho onde tempero este petisco, acompanhado de um bom vinho alentejano.
Uma boa fatia dourada, trazida da pastelaria, é o complemento deste belissimo manjar.
Já na minha saleta, sento-me a escutar um dos meus Cd's favoritos, vou petiscando amendoins e pistachos, sorvendo o meu café, acompanhado de um Dimple, que em certas ocasiões especiais gosto de saborear.
Entretanto o João Pestana chega, desligo as luzes, e a minha aparelhagem, meto-me no vale de lencois, adormeço de imediato, até o sol nascer.
Dia 25, dia de Natal, se estiver bom tempo, saio de casa e vou arejar, fazendo de conta que é Natal dentro de mim, Natal sem chuva de lágrimas, Natal, em que olho os que me rodeiam, com inveja, de não poder estar como eles, em Familia...!
E agora pergunto-me eu: E os Natais de todos aqueles que são órfãos com pai e mãe vivos, daqueles que se encontram hospitalizados com doenças irreversíceis, daqueles que foram abandonados em nenés, daqueles que ficaram sem nada de um momento para o outro, e assim por diante...?!

Afinal o meu Natal, apenas é diferente!

Bom Natal Cecilia!
Marcolino




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