A propósito das Jornadas:
Mais uma vez, o Mil Razões… concedeu-nos um dia repleto de especialistas que partilharam o seu saber e experiência, tendo por mote essa temática tão pertinente que é o suicídio.
Desde a doença física à doença psiquiátrica, ao sofrimento dos que se encontram privados da liberdade, aos que se encontram na última etapa da sua vida, até à forma como a comunicação social faz notícia deste acontecimento trágico, foram diversificadas as abordagens, sem nunca esquecer o ser humano como um ser pleno e multidisciplinar.
Como vem sendo apanágio destes simpósios, o evento não terminou sem antes assistirmos à visão humorística do tema, através da participação especial, em vídeo, do Jorge Mourato.
Foi assim passado o dia nesse acolhedor espaço da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, inserida no belíssimo jardim do Palácio de Cristal. Foi, certamente, um momento enriquecedor para todos quantos nele participaram. E foram muitos, pois mais uma vez estiveram totalmente preenchidos os lugares disponíveis.
Ao Mil Razões…, pela forma séria e eficiente como tem promovido estes momentos científicos, só posso dar os parabéns e desejar que continuem a promover dias como este. Até ao próximo!
Ana Santos
Gostei de ver aquela sala cheia e de constatar que há pessoas interessadas em saber mais, logo, potencialmente em terem um papel mais activo, sobre algo de que pouco se fala mas que existe, que quando acontece é trágico e que, espera-se, estando nós mais informados, poderemos ajudar melhor a prevenir.
Ana Álvares
Acabo de chegar das 2as Jornadas sobre Prevenção do Suicídio.
Feliz por ter sido um sucesso em todos os sentidos: casa cheia de gente curiosa e interessada nestes temas de saúde mental, e oradores experientes com partilhas importantes e interessantes.
Obrigada Mil Razões… por permitir a exploração e divulgação destes temas!
Uma vida é um tesouro... se conseguirmos dar alento, apoio, compreensão a alguém, terá sido uma grande vitória!
Ana Lua
Estas são algumas das opiniões a propósito do simpósio que o Mil Razões… organizou com o fim último de prevenir o suicídio.
Com a firme convicção de que conhecer é prevenir, esta foi mais uma oportunidade de aumentarmos os nossos conhecimentos com os que lidam com esta temática e que quiseram, graciosamente, dispor do seu tempo para partilharem os seus conhecimentos e as suas experiências. Refiro-me obviamente aos palestrantes e é para eles que vai o nosso primeiro agradecimento.
Os interessados em ouvi-los foram muitos e o sucesso do evento deve-se também à numerosa assistência. Obrigada por terem aderido.
E claro, aos Voluntários que se envolveram na organização, o reconhecimento de todos nós.
Sobre os conteúdos:
O Professor Doutor António Leuschner deu início às Jornadas relevando a importância deste tipo de iniciativas e encorajando a que outras mais ocorram.
Preocupante foi percebermos quão difícil é mantermo-nos em equilíbrio, que ténue e estreita é a linha que separa as zonas do défice e do excesso funcional. Rapidamente se passa da tristeza à exuberância, do apego ao desapego, alterações que ocorrem, a maior parte das vezes, sem que saibamos explicá-las.
Curiosa é a também a interacção funcional entre os nossos órgãos internos, uns dão, outros recebem energia, mas todos trabalham para que nos sintamos bem e em equilíbrio, à semelhança do que acontece na natureza e com os seus elementos: a madeira, o fogo, a terra, etc..
Mesmo crendo que esta filosofia de vida teve as suas origens na China, o que a Dr.ª Paula Fernandes e o Enfermeiro Augusto Nascimento quiseram transmitir-nos, é que é comum a todos os homens.
Menos exotérico foi o Mestre Nuno Moreira, mostrando-nos uma realidade tantas vezes ignorada de tão inconveniente: as elevadas taxas de suicídio na população reclusa. A vulnerabilidade do indivíduo, o stress e a falta de coping são alguns dos factores que contribuem para os números. Esta intervenção não se limitou a retratar a realidade prisional e deu-nos a conhecer o protocolo preventivo. A prevenção do suicídio em ambiente prisional passa pelo staff e a informação obviamente partilhada, mas também pelo acompanhamento do recluso e, muito importante, pela arquitectura e pelas condições do alojamento.
O Dr. Bessa Peixoto “desembrulhou” para nós, com clareza e pormenor, a temática do suicídio:
- O suicídio enquanto doença psiquiátrica;
- O comportamento do suicida;
- Factores potenciadores de suicídio
- População de maior risco de suicídio
- Características pessoais potenciadoras de suicídio.
Contamos com a experiência do jornalista Joaquim Letria para falar sobre a importância da comunicação social na abordagem que faz ao suicídio. E ele falou. No jornalismo, existem 188 códigos deontológicos a nível mundial, mas apenas 13 falam de suicídio. O Instituto Australiano define que só deve ser noticiado se for do interesse público e evitando os pormenores.
Historicamente, o suicídio já foi considerado crime e em Portugal era tanto assim, que os órgãos de comunicação social não podiam dar notícias deste acto; valia-se a comunicação social de figuras de estilo que alguns de nós ainda recordam, tais como: “morreu vítima de um acto tresloucado”. Mas de uma forma discreta, quase a tocar o proibido, passaram as notícias a ser dadas com tanta descrição que pode ter efeitos indesejáveis.
Depois do almoço no restaurante do Palácio de Cristal, onde todos pudemos confraternizar, o jornalista da RTP, João Ramos, moderador do Painel da Tarde, deu a palavra à Procuradora Joana Marques Vidal. A violência familiar, não estando ignorada na nossa sociedade, nunca é demais trazer a público.
O Professor Doutor Duarte Nuno Vieira, com muito humor, arrancando gargalhadas à assistência, deixou-nos a consciência de que nem tudo o que parece é. A autópsia e a análise do local revelam, não raras vezes, que afinal o que parecia ser acidente é homicídio e o que parecia ser homicídio é suicídio. As imagens violentas que desfilavam no ecrã contrastavam com o sentido de humor e a leveza que o palestrante punha no seu discurso, a ponto de o horrível parecer cómico.
O Professor Doutor Carlos Poiares iniciou a sua dissertação referindo que coesão social e suicídio tendem para sinais opostos - menos coesão social mais suicídios.
A incapacidade dos idosos, e a falta de alternativas e de respostas institucionais aquietam os idosos a violências que não são compreensíveis nem aceitáveis.
Finalmente, e como sempre, as Jornadas terminaram com uma nota de boa disposição, desta feita um filme oferecido pelo actor Jorge Mourato.
Nunca é demais mostrar o nosso reconhecimento a todos. Reencontrar-nos-emos brevemente.
Cidália Carvalho
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