8.10.09

 


 



Num pequeno instante transforma-se a incapacidade em capacidade, só porque foi possível virar mais uma página no calendário e passar a ter 18 gloriosos anos.

Se ontem não era capaz de conduzir um carro, pois hoje, milagrosamente, os tais 18 anos transmitiram a aptidão necessária para o guiar sem ir com ele contra uma parede; nada, mas mesmo nada, tem a ver com a experiência adquirida e muito menos com a prática.

A menoridade incapacita as pessoas em variadíssimas áreas e só nos tornamos capazes e competentes quando tivermos a oportunidade de soprar 18 velas e completar “aquilo” que legalmente chamamos de maioridade e, por consequência, responsabilidade, maturidade e sentido cívico.

São engraçadas as limitações que temos enquanto nos 17 anos e 364 dias porque, a lei o diz, estabelecendo que o ser humano só adquire capacidades para tomar decisões por si próprio no dia em que completar 6570 dias da sua existência.

Não! Não podemos votar, pois somos ainda incapazes para atribuir um sentido crítico a todas as diversificadas ofertas dadas pelos vários partidos políticos! Mais uma vez a maturidade e o sentido cívico nada têm a ver com a situação?!

Não! Não somos capazes de pura e simplesmente comprar um bilhete de avião e ausentarmo-nos dos pais! Seria uma situação catastrófica porque a responsabilidade ainda por adquirir, não nos iria acompanhar nessa viagem.

Não! Não temos a capacidade de alugar um filme pornográfico, imagens tão explícitas não podem ser visionadas por aqueles que ainda não se encontram naquela faixa etária perfeitamente capaz de assistir a um filme XXX.

Ficam de fora também as capacidades de preencher um cheque, contrair um empréstimo, casar e, pura e simplesmente, tomar decisões, sem que a assinatura dos pais não esteja a validar a escolha.

 

Não foi assim há tantos anos que este “salto” para as capacidades estava delegado para os fantásticos 21 anos. Mas entretanto, com o progresso, as incapacidades também sofreram as suas alterações e agora está fixado que terminam aos 18 anos.

Sim! É verdade que teremos de colocar uma barreira para não correr o risco de ver uma criança de 9 anos à frente de um volante, mas não deixa de haver alguma hipocrisia - as incapacidades não desaparecem aos 18 anos. Sem preparação, educação, experiência, prática e bom senso poderemos continuar a sofrer de profundas incapacidades que nos impedem, ou deveriam impedir, de sermos capazes de coisas tão “simples” como por exemplo conduzir, viajar, votar e mesmo, alugar um filme para maiores de idade.


 

Susana Cabral

 
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Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 22:48  Comentar

De Augusto Küttner de Magalhaes a 13 de Outubro de 2009 às 18:10
Tem razão! Segundo Daniel Sampaio, e muito bem,
" Os pais com maturidade sabem que is filhos não lhes oertencem"

"Importa comprender que se vive mal sem pertença e que , num mundo ameaçador e imprevisivel como o de hoje, a história da nossa familia e a relação com os nossos próximos constitui a referência fundamental"

in Porque sim, de Daniel Sampaio - Caminho

Beijos

Augusto

De Anónimo a 13 de Outubro de 2009 às 18:09
Tem razão! Segundo Daniel Sampaio, e muito bem,
" Os pais com maturidade sabem que is filhos não lhes oertencem"

"Importa comprender que se vive mal sem pertença e que , num mundo ameaçador e imprevisivel como o de hoje, a história da nossa familia e a relação com os nossos próximos constitui a referência fundamental"

in Porque sim, de Daniel Sampaio - Caminho

Beijos

Augusto

De Susana Cabral a 13 de Outubro de 2009 às 17:43
Boa tarde Augusto

A maiorias dos pais querem a todo o custo evitar sofrimentos e desilusões dos seus filhos, mas infelizmente mesmo criando "airbags emocionais" não há como evitar os choques e os ferimentos.
Os " cotas" servem de facto para transmitir sabedoria, experiencias e lembrar aos jovens que a roda já foi inventada , mas existirão sempre situações em que nada se pode fazer para evitar ou diminuir a dor que provoca "lamber" o chão com a cara.
E quantos de nós "cotas" por muita experiencia e vivencia de vida, que se tenha, levamos trambolhões tais que temos de voltar a aprender, não que já existe a roda, mas para que serve!?
A incapacidade de identificar quem ou o que nos vai provocar dor ou decepção é algo que com muita dificuldade se aprende ou se transmite, temos mesmo de "passar o chão a pano" para poder ver a sujidade.

Beijos e queijos

De Augusto Küttner de Magalhães a 13 de Outubro de 2009 às 08:06
Evidentemente.
Isso são desilusões, isso é não medir o egocentrismo e egoismo do outro, isso também se aprende.
Por vezes , sempre, acho, devemos passar essas dicas aos nossos filhos, avisá-los, e na hora do aviso, por norma vale menos, quando vai o tombo, lembram-se de que o “quota” falou nisso, e passoam a partir de determinada idade a lembrar-se de mais avisos dos “quotas” e mesmo batendo de cara, já a conseguem colocar de lado, para não ser tão “duro”.

Mas a vida faz aprendendo e se quisermos ajudas vamos ouvindo os que já inventaram a roda....e os que já por demasiadas vezes fomos de cara, de peito, de cangalhas ao chão, para ...não doer tanto....

Um abraço do

Augusto

De Susana Cabral a 12 de Outubro de 2009 às 17:55
Boa tarde

É verdade devemos aprender com a vida, com as experiencias, infelizmente muitas vezes quando batemos com a cara no chão tem ligação com surpresas desagradáveis que os outros são capazes de nos "pregar". E ficamos no chão quando descobrimos que alguém não passa de uma personagem fictícia e que num determinado momento idealizamos como alguém admirável .
E vamos ficando pelo chão quando pouco a pouco se desmonta o "boneco" ...e acaba por nada restar do tal ser que um dia admiramos.

Até beijo e um queijo

De Augusto Küttner de Magalhães a 12 de Outubro de 2009 às 07:22
Ir aprendendo com a vida, e com experiências de outros, que nem têm que ser necessariamente seguidas, mas não é conveniente estar sempre a inventar a roda, e se é bom dar-se de quando em vez com a cabeça no chão, convém não exagerar, dado que por vezes ficamos pelo chão.
Até....

De Susana Cabral a 11 de Outubro de 2009 às 12:30
Olá Marcolino

Obrigada pelas suas amáveis palavras, responsabilizo-as por um sorriso do "tamanho de casa".


Beijos e queijos.


De Susana Cabral a 11 de Outubro de 2009 às 12:21
Boa tarde

Fico satisfeita com a sua concordância !
Não nos podemos esquecer que juridicamente temos a utilização dos termos capacidades e incapacidades.
Se formos falar em inaptidões teríamos que falar em tanta e diversas coisas que com certeza nos iríamos desviar das tais incapacidades por menoridade.


De ©Marcolino Duarte Osorio a 11 de Outubro de 2009 às 09:56
Olá Susana!
Gosto de a ler porque sabe comunicar-se!
Quanto aos seus 2 últimos parágrafos, apenas lhe direi: - Parabéns por ser capaz de se observar tão bem!
Resto de um bom domingo
Marcolino

De Augusto Küttner de Magalhães a 11 de Outubro de 2009 às 07:36
TOTALMENTE DE ACORDO "....mas não deixa de haver alguma hipocrisia - as incapacidades não desaparecem aos 18 anos. Sem preparação, educação, experiência, prática e bom senso poderemos continuar a sofrer de profundas incapacidades que nos impedem, ou deveriam impedir, de sermos capazes de coisas tão “simples” como por exemplo conduzir, viajar, votar e mesmo, alugar um filme para maiores de idade"

Penso que o termos não deveria ser INCAPACIDADES, mas antes INAPTIDÕES.Fase entre os não estar apto, para ganhar essa aptidão, incapacidade, acho excessivo: AQUI E AGORA

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