29.10.08


 

Debato-me com uma questão:

Quantos de nós já pensaram em suicidar-se?

Quantos escondem esse pensamento, essa vontade?

Por não saberem de onde provém esse pensamento, ou com vergonha de admitir que no mais íntimo dos seus pensamentos passa uma vontade de terminar com a própria vida.

 

Chegamos a pensar que é ofensivo questionar alguém, se pensa, ou se já alguma vez pensou, em suicidar-se e, por isso, nem nos atrevemos a perguntar, ou a pronunciar a palavra suicídio em voz alta, como se de uma doença contagiosa se tratasse.

Continuo a questionar-me quantos de nós, na verdade, já pensaram em pôr termo à sua existência, seja por pura infelicidade, ou por uma momentânea incapacidade de gerir uma dor interminável e esmagadora, uma dor que por si só tira a capacidade diária de respirar e de viver.

Parece que os que admitem esses pensamentos são “dementes”. Como se esses pensamentos nunca surgissem a que vive "normalmente" e muito menos a mim!!!

Eu!? Eu que vivo apaixonada pela vida? Eu que adoro viver? Eu que só por sentir o vento me sinto feliz?

Sim, eu!

 

Houve um momento na minha vida, em que pensei que o suicídio seria a solução do meu problema.

Um momento em que perdi a vida ao ver morrer uma das minhas almas gémeas. Perdi o seu calor, o seu conforto e a mão forte que me guiava.

Com milhares de pessoas à minha volta, senti-me só...

Os pensamentos vagueavam presos a um passado que jamais voltaria a ser presente... por muitos adjectivos que utilizasse, nunca conseguiria descrever, escrevendo, sentimentos devastadores e demasiado insuportáveis.

Perdi o ventre que me deu vida, os braços que asseguraram a minha sobrevivência, o sorriso que me fazia feliz...

O sentido da minha vida dissipou-se e com ele a vontade de viver.

Pensei e desejei morrer!

Morrer nos meus próprios braços!

Sim! O suicídio é um pensamento que já me ocorreu!

Mas houve alguém que se atreveu a perguntar!

Houve alguém que ousou “ofender-me”, salvando-me dos meus próprios pensamentos!

 

Quantos de nós pensam no suicídio?

Não existindo uma “ofensa” capaz de questionar a existência de outro caminho e de salvar?

E nem sempre é apenas um pensamento que ocorre num determinado momento da vida, em que confundimos a dor com a falta de vontade de viver.

 

O perigo estará apenas num pensamento, na vontade de morrer, ou estará também na falta de uma pergunta, feita com preocupação e com a capacidade de salvar?

 

Susana Cabral

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 14:04  Comentar

De Cidália a 7 de Dezembro de 2008 às 20:46
M Lou,
A morte é certa para cada um. Porquê antecipar essa certeza?

Gostei que tivesse passado por cá.

Volte sempre.

Cidália

De M Lou a 6 de Dezembro de 2008 às 23:37
Eu ja pensei em suicidio, essa palavra e esse gesto entrou na minha vida quando o meu avo o fez e eu tive que me enfrentar com ele, com o gesto. A partir daí achei que podia ser uma saida... Já tive varias ofensas de pessoas que gostam de mim, e muitas foram ja as vezes que me fizeram questionar... Acho que é preciso uma certa coragem para o fazer, e essa ainda nao tive... Razoes para suicidar? Talvez seja a ausencia de razoes para nao o fazer... baixar os braços, desistir de lutar pela vida.

Gostei de passar aqui...


De Cidália a 6 de Dezembro de 2008 às 16:53
Olá Didi,

Seja bem vinda ao Mil Razões.

UFFA!
O seu comentário é bem elucidativo da herança que recebem os que perdem os seus entes queridos, ainda mais num acto de suicídio.
Há muitos porquês sem resposta...
Por isso dói tanto e às vezes falar ajuda. Já experimentou partilhar a sua dor com a Voz de Apoio?

Fique bem e volte sempre.

Cidália

De didi a 5 de Dezembro de 2008 às 23:26
Tal como a Susana, perdi uma das pessoas que mais amei na vida...Continuo a amar, porque quem ama de verdade, amam além da morte. Senti-me perdida, a vaguear numa estrada completamente desconhecida e sem saber qual o rumo certo. Tenho momentos, que não quero acreditar no que me aconteceu. Aceitar , não consigo....
Vivo para os meus dois filhos, uma com 22 anos e um com 11. O meu filho de 11 anos dá-me lições de vida, e isso fortalece-me e faz-me caminhar....
Susana, eu tinha tudo na vida e no dia 11 de Janeiro de 2007 (após 2 meses de lhe ter sido diagnosticada uma depressão), o grande amor da minha vida suicidou-se . Porquê????? É a eterna pergunta para a qual não encontro resposta. Agora, vivo um dia de cada vez...Mas, com uma dor enorme que nenhum analgésico consegue curar.Dói-me a alma... Felicidades e pense positivo, porque o pensamento positivo traz-nos alguma felicidade

De Cidália a 1 de Novembro de 2008 às 01:38
O perigo está no pensamento e na vontade de morrer. A pergunta que se coloca sobre "se já pensamos no suicídio?" não aumenta esse perigo , pelo contrário, pode afastar a ideia de suicidio. Falar ajuda.
Fazer a pergunta com preocupação e capacidade de salvar é que me parece mais discutível. Eu trocararia o "preocupado" por "interessado" . Também não me parece justo que alguém sinta o peso de não ter conseguido demover a ideia de suicídio.

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