A nossa vida de seres humanos “saudáveis” baseia-se num conjunto de emoções e sentimentos que experimentamos todos os dias, desde que nos levantamos da cama até à hora de irmos dormir. Mas até durante a noite vivênciamos emoções e sentimentos que normalmente se mostraram mais importantes ou preocupantes durante o dia – os sonhos.
A apatia e a insensibilidade são a total ausência desses sentimentos, esses mesmos que nos parecem, à primeira vista, tão fundamentais para a nossa saúde tanto física como mental e que os damos, muitas vezes, como certos e adquiridos.
Às vezes damos por nós a pensar que somos bastante sensíveis em comparação com outras pessoas que observamos. Algumas vezes dizem-nos mesmo: “- És tão sensível…”. Seremos assim tão sensíveis?
Quando passamos por alguém que não nos interessa encontrar, ou que queremos evitar, por vezes ignoramos; o mesmo se passa quando somos nós os ignorados. Outra situação muito comum é quando nos cruzamos com alguém que se encontra debilitado, em sofrimento, com fome, doente. Na maioria das vezes já nem sequer olhamos, nem pensamos naquela ou naquelas pessoas, mesmo que isso seja involuntário. Este involuntário é muito suspeito já que é criado por nós e funciona como uma barreira: a banalização do sofrimento alheio. Isto ocorre por duas razões, a primeira para não sofrermos e a segunda para “não sabermos” que existe esse tipo de sofrimento.
Infelizmente a insensibilidade é isso mesmo: já nem reparar nas pessoas à nossa volta, na pobreza alheia e que, muitas vezes, surge tão próxima de nós.
Outro caso, e este mais grave do ponto de vista emocional, é o daquelas pessoas que experimentaram situações adversas nas suas vidas e que para se protegerem tornaram-se apáticas, ou insensíveis. Essas pessoas tornam-se ásperas e sem sentimentos, como costuma dizer-se. Normalmente são as que sofrem mais, pois são totalmente incapazes de mostrar sentimentos ou afectos; são pessoas “sem amor”.
Diogo Ricou
(Imagem: Portrait de Madame Boucard, de Tamara de Lempicka (1931)
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