23.7.09

 



 

Tendemos a interiorizar a ideia de que o ser humano é intrinsecamente bom, depositário à nascença de todas as virtudes e originalmente isento de defeitos. Sentimentos menos nobres decorreriam apenas de assimilações culturais, ou seriam socialmente adquiridos.

Essa idealização revela-se incompleta quando confrontada com a realidade, dificulta a compreensão e elevação dos comportamentos humanos e desresponsabiliza-nos perante os nossos actos.

 

A observação das outras espécies revela-nos comportamentos que consideramos nobres, acompanhados de outros que classificamos como indignos. Manifestações, entre outras, de avidez, de cobiça e de inveja, surgem lado a lado com gestos altruístas ou de abnegação. Uma observação mais atenta, permite-nos concluir que todos os comportamentos, altruístas ou egoístas, dos seres que rodeiam os humanos, se submetem a uma “lógica” egoísta de sobrevivência e perpetuação da espécie, suscitando-nos, por extrapolação, a formulação de questões angustiantes sobre o nosso próprio devir.

Tornar-nos-íamos então pessimistas absolutos e conformados, se não reparássemos que nos distinguimos das outras espécies pela capacidade que adquirimos de, criando abstracções, prever as consequências dos nossos actos, escolher um entre vários caminhos possíveis e contrariar os nossos genes.

 

Só lutando para que os sentimentos mais nobres prevaleçam e se afirmem por escolha própria, e não por efeito de qualquer determinismo, os poderemos considerar como verdadeiramente nobres. Só assim nos poderemos assumir como seres integralmente livres e superiores. E só assim seremos capazes de compreender e apoiar aqueles que, decorrente de qualquer incapacidade, estejam impedidos de influenciar o seu futuro.

 

José Quelhas Lima

 
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Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 22:39  Comentar

De Cidália Carvalho a 25 de Julho de 2009 às 14:30
Os nossos pais equipam-nos com algumas caracteristicas, muitas delas bem visiveis por serem fisicas, herdemos também, muito do nosso caracter.
Esta herança não nos deve desresponsabilizar dos nossos actos porque, ao que trazemos, podemos sempre juntar, alterar ou eliminar.
Normalmente é isso que se faz, cada um de nós vai-se construindo ao longo da vida. Ajudam (desajudam) desde logo a família, os amigos, os grupos, a arte, as nossas opções (desde que conscientes) .
O meio é determinante para nós desenvolvermos as nossas competÊncias. Todos nós conhecemos casos de crianças que foram criadas em ambiente isolado de pessoas e cresceram com os animais o que se verifica é que se deslocam como eles e imitam os mesmos sons. Não conseguem falar apesar de terem herdado essa potencialidade.

Fiquem bem!

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