Foto: Portrait - Khusen Rustamov
Não sei ser, sem ser eu.
Não sei fingir que sou melhor. E espero nunca ser pior.
Não sei sorrir, sem ser eu.
Não sei chorar quando convém. E não quereria ser menos sensível.
Não sei preocupar-me, sem ser eu.
Não sei desligar-me do mundo. E há tantos temas que me preocupam.
Não sei sair à rua, sem ser eu.
Não sei virar a cara e ignorar quem sofre. E assusta-me tanto a indiferença.
Não sei cumprimentar, sem ser eu.
Não sei fazer-me sisuda e altiva. E agradeço por isso.
Não sei estar, sem ser eu.
Não sei olhar com olhos menos atentos. Nem com menos vontade de agir.
Não sei ser, sem ser eu.
E eu, cheia de defeitos e dificuldades, medos e indecisões, aprendi que ser eu, não é bom nem é mau – é apenas ser de verdade.
HTR