Foto: Auto - Albrecht Fietz
“Não vou procurar quem espero
Se o que eu quero é navegar
Pelo tamanho das ondas… Volto a partir em paz.”
Ornatos Violeta
Espero que o levante sopre quente e sereno nessa tua viagem. Decidiste pegar nas coisas e largar, mudar de ares. Que tinhas de ir, sentias ganas de sair. Na volta, é o mais simples. Começar novas pessoas e hábitos. Mesmo que depois tudo fique igual, temos a sensação de que algo se mexe, que não fica igual, não é verdade?
Na volta, um dia fitas o horizonte e pensas como estás no mesmo ponto. Como é que, a dada altura, mudar era mais simples que ficar. Até, sinceramente, uma parte de ti já tinha pegado nas malas e partido. A coragem veio depois com a crescente sensação de que dia-a-dia já não havia ali mais amor para ti e que saías da mesma forma que entraste. Pelo teu próprio pé.
Um dia o horizonte fita-te e responde se o desafio maior não será ficar. Perto do bater do teu coração, partindo dentro de ti.
Um dia contar-me-ás que mundos e peles cruzaste e quem te deixou a pele tisnada pelo sol e pelo sal. Até lá, encontras-me por aqui.
Boas marés!
Maria João Enes